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0751/2007 - PREVALENCE OF ORAL MUCOSAL ALTERATIONS IN BRAZILIAN ADOLESCENTS HELD IN TWO JUVENILE RE-EDUCATION CENTERS
PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES DA MUCOSA BUCAL EM ADOLESCENTES BRASILEIROS INSTITUCIONALIZADOS EM DOIS CENTROS DE REEDUCAÇÃO

Author:

• Ramon Aluâne Hipólito - HIPÓLITO, R.A - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais PUC MINAS - <ramonaluane@gmail.com>

Thematic Area:

Não Categorizado

Abstract:

The purpose of the present study was to verify the prevalence of oral mucosal alterations in Brazilian adolescents held. A total of 231 adolescents, all of them males were examined. The Criteria used for clinical diagnostic of the lesions were the former proposed by SB 2000 (Brazil).The total oral mucosal lesions prevalence was 27,70%(64 lesions). The total prevalence of buccal mucosal lesions were 27,70%(64 lesions) with 24,24% of the adolescents presenting. The most frequent one was plaque. Were found 293 mucosal alterations. In 78.35% of the examined that shows at least one alteration. The melanin pigmentation was the most common alteration. The data collected had been analyzed statistically, through Kruskall Wallis non-parametric test and the associations through Qui-Square test, considering significant level of 5%. Statistical significant difference was identified concerning between basic lesions and/or mucosal alterations and race (p=0,002) and skin colours and average number of the mucosal alteration (p=0,000) and the present of the melanin pigmentation and leukoedema and race (p=0.000 and p=0,002). There wasn’t any statistically significant difference between average number of the mucosal lesions and race (p=0,618)
Key words: Adolescents; buccal mucosal lesions


Content:

INTRODUÇÃO:
Independente da especialidade a que se dedica, o exame sistemático da boca é de inteira responsabilidade do cirurgião dentista.
A odontologia, como ciência e profissão de saúde, não se restringindo como antes, ao cuidado dos dentes e de suas estruturas de suporte, enquadra-se atualmente na área de prevenção e diagnóstico de doenças da mucosa bucal.
Esse progresso evidente da prática odontológica que, segundo o conceito de saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), contribui para que se atinja perfeito bem estar psicossomático e social, decorre da preocupação maior, por parte do cirurgião dentista, com a saúde bucal de seus pacientes6.
Processos patológicos diversos como doenças infecciosas, inflamatórias, imunológicas, alérgicas, sistêmicas e ainda lesões traumáticas, acometem freqüentemente a boca.
Estudos epidemiológicos se constituem em instrumento coletivo valioso na descrição das condições de saúde da população, na investigação de seus determinantes e nas ações destinadas a altera-las30. Além disso, é de grande valia na estomatologia clínica, pois auxiliam os profissionais na elaboração de hipóteses diagnosticas, fornecendo-lhes dados sobre a prevalência de alterações e doenças, permitindo-lhes então estimar a possibilidade de encontrá-las na sua prática clínica.
Os estudos de prevalência realizados em nível mundial e no Brasil, particularmente ligados a problemas de saúde pública, incidem em sua maioria, sobre crianças e se referem quase sempre à cárie dental, a periodontopatias, a oclusão e aos distúrbios de desenvolvimento dentais.
Na literatura, observam-se estudos epidemiológicos transversais geralmente provenientes de levantamentos clínicos em faculdades de odontologia, hospitais e serviços de patologia bucal. A metodologia normalmente envolve a prevalência de algumas alterações encontradas em determinado momento (estudo transversal) e ainda contempla populações específicas, portanto, esses trabalhos não refletem como um todo os aspectos epidemiológicos de todas as alterações bucais. (1.2.3) Com relação à prevalência de alterações da mucosa bucal em adolescentes, são encontrados relatos, no entanto, a falta de padronização com relação à metodologia e critérios clínicos de diagnósticos diversos, não é possível, determinar-se com exatidão qual é de fato a freqüência das alterações (2.3.4.5.6.7).
Em razão de não existirem outros trabalhos na literatura sobre a prevalência de alterações da mucosa bucal em adolescentes com a particularidade de viverem confinados e diante da necessidade de se planejar atendimento, individual ou coletivo desta população específica, o presente estudo teve como objetivo a determinação da prevalência de alterações da mucosa bucal em menores infratores internados em dois diferentes Centros de Reeducação da cidade de Belo Horizonte MG Brasil.

METODOLOGIA
Neste trabalho a amostragem se fez por conveniência e constou de uma população de estudo composta por 231 adolescentes.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da PUC-MINAS.
Para testar o formulário de registro proposto para o estudo principal e ainda o método escolhido para a coleta de dados, realizou-se um estudo piloto, que abrangeu cerca de 10,0% (22/231) da amostra estimada. Os dados obtidos neste estudo foram aproveitados no estudo principal.
O método utilizado nesta pesquisa foi o exame clínico de uma população de adolescentes. Usado para a verificação da presença ou não de lesões fundamentais foi realizado o teste Kappa, com os exames realizados em duplicata que mostrou concordância intra-examinador de 100%.
Para atender aos objetivos propostos, utilizamos como instrumento de pesquisa um questionário, dividido em quatro partes: 1. dados de caracterização dos participantes do estudo 2. exame objetivo das lesões fundamentais 3. conduta e 4. verificação das alterações da normalidade. A realização da coleta dos dados foi feita através de inspeção e palpação, utilizando luz natural, afastadores de madeira e equipamentos de proteção individual.
Os critérios clínicos de diagnóstico e a nomeclatura das lesões fundamentais adotados, foram os propostos pelo SB (Saúde Bucal) Brasil (2000)- Ação Complementar- Prevalência de fatores de risco - Lesões cancerizaveis e câncer da boca - Minas Gerais. 32 As lesões fundamentais foram assim designadas: mácula, placa, nódulo, pápula, vesícula, bolha, erosão, úlcera, fissura, pseudomembrana e hiperplásica.
Com relação às lesões fundamentais, trabalhamos com os aspectos clínicos caracterizados por Neville et al.31; Mácula: área focal com alteração na coloração, sem elevação ou depressão em relação aos tecidos circunjacentes, Placa: lesão ligeiramente elevada e com superfície plana, Nódulos: lesões sólidas e elevadas com 5 ou mais milímetros de diâmetro, Pápulas: lesões sólidas e elevadas, com menos de 5mm de diâmetro, Vesículas: bolhas superficiais com menos de 5mm de diâmetro, Bolhas: vesículas grandes com mais de 5mm de diâmetro, Erosão: lesão superficial que tem como característica a perda parcial da superfície epitelial, Úlceras: caracterizadas pela perda da superfície epitelial com exposição do tecido conjuntivo subjacente, Fissura: ulceração estreita semelhante a um sulco, Pseudomembrana: úlceras recobertas por uma membrana removível e as lesões Hiperplásicas: como elevações de coloração semelhante a da mucosa circunjacente.
Neste estudo, foram também verificadas as seguintes alterações (variações) da normalidade: anquiloglossia, eritema Areata migratório, fossetas da comissura labial, grânulos de Fordyce, leucoedema, língua fissurada, pigmentação melânica fisiológica, torus palatino, torus mandibular e úvula bífida. A pigmentação melânica fisiológica (mácula) e os Grânulos de Fordyce (pápula) foram consideras alterações da normalidade e não lesões fundamentais.
Os exames obedeceram a uma seqüência proposta por Kleinman et al.3. As estruturas anatômicas foram examinadas na seguinte ordem: 1.semimucosa labial superior, 2.mucosa labial superior, 3. mucosa alveolar superior, 4.gengiva e rebordo superiores, 5.palato duro, 6.palato mole, 7. orofaringe, 8.dorso da língua, 9.bordas laterais da língua, 10.ventre da língua, 11.assoalho bucal, 12.gengiva e rebordo inferiores, 13.mucosa alveolar inferior, 14.mucosa jugal direita e esquerda, 15. mucosa labial inferior, 16.semimucosa labial inferior e 17.comissuras labiais. As lesões decorrentes de cárie dentária, abscessos periapicais de origem endodôntica e doença periodontal, foram excluídos, por não constituírem objeto deste estudo.
Após terem sido esclarecidos sobre os objetivos do estudo e dos procedimentos a serem realizados, os Diretores das Instituições assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando a participação dos internos na pesquisa. Segundo o artigo 92 parágrafo único do "Estatuto da Criança e do Adolescente" o Diretor das Instituições é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito. A cada participante foram explicados os objetivos do exame e que poderiam a qualquer momento desistir de fazer parte da pesquisa, sem que isso trouxesse prejuízo em relação ao tratamento estomatológico.
Os examinados que apresentaram lesões de mucosa bucal e necessitaram de exames complementares para diagnóstico conclusivo, foram encaminhados a clínica de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais para avaliação e tratamento.
A análise estatística do presente estudo foi baseada nas seguintes etapas: 1. Numeração, tabulação e digitação dos questionários; 2. Análise descritiva (quantidade e percentual) de todas as variáveis do questionário, considerando o grupo dos 231 participantes do estudo; 3. Verificação da associação entre a presença de lesão fundamental e/ou alterações da normalidade e a cor da pele e da prevalência global da pigmentação melânica fisiológica e leucoedema. Baseado na literatura que relata associação entre estas duas alterações da normalidade e a cor da pele, realizamos cálculos para verificar estas potenciais associações. A análise estatística consistiu de medidas descritivas para as variáveis estudadas. Para isto foram utilizadas as freqüências e os valores percentuais.
Para a comparação da presença de Lesão Fundamental e/ou Alteração de Normalidade vs. cor da pele, número médio de lesões fundamentais e número médio de alterações de normalidade vs. cor da pele, utilizamos o teste não-paramétrico de Kruskall-Walis. A associação entre pigmentação melânica fisiológica e leucoedema vs. cor da pele foram feitas através do teste Qui-Quadrado.
Em todos os testes estatísticos utilizados foi considerado nível de significância de 5%. Dessa forma, são consideradas diferenças estatisticamente significantes, aquelas cujo valor p foi inferior a 0,05.

RESULTADOS
As Tabelas 1 e 2 apresentam a distribuição percentual dos examinados em relação à presença de lesões fundamentais e alterações da normalidade.
Tabela1: Distribuição Percentual dos Examinados – Lesões Fundamentais

Lesões Fundamentais Freqüência Percentual
Nenhuma 175 75,76
Uma 48 20,78
Duas 8 3,46

O percentual de adolescentes que apresentaram lesões fundamentais foi de 24,24%(TAB 1)
Tabela 2: Distribuição Percentual dos Examinados – Alterações de Normalidade

Alterações de Normalidade Freqüência Percentual
Nenhuma 50 21,65
Uma 95 41,13
Duas 63 27,27
Três 20 8,65
Quatro 3 1,30

Observa-se que 78,35% dos examinados apresentaram pelo menos uma alteração da normalidade (TAB 2).
Dos 231 examinados, 34 (14,7%) não apresentaram lesões fundamentais e nem alterações de normalidade, 16 (6,9%) apresentaram somente lesões fundamentais, 141 (61,0%) apresentaram somente alterações da normalidade e 40 (17,3%) apresentaram lesões fundamentais e alterações da normalidade ocorrendo simultaneamente. A Tabela 3 apresenta a relação entre as lesões fundamentais e alterações da normalidade de acordo com a cor da pele do examinado.
Tabela 3: Presença de Lesão Fundamental e/ou Alteração de Normalidade vs Cor da Pele
Grupo Cor da Pele Total
Leucoderma Melanoderma Feoderma
Sem lesão e alteração 21 (28,8%) 5 (6,5%) 8 (9,9%) 34 (14,7%)
Apenas lesão 7 (9,6%) 3 (3,9%) 6 (7,4%) 16 (6,9%)
Apenas alteração 34 (46,6%) 56 (72,7%) 51 (63,0%) 141 (61,0%)
Lesão e alteração 11 (15,1%) 13 (16,9%) 16 (19,8%) 40 (17,3%)
Total 73 (100,0%) 77 (100,0%) 81 (100,0%) 231 (100,0%)
Valor p = 0,002

Foi observado diferença estatisticamente significante na ocorrência de lesões e/ou alterações de normalidade de acordo com a cor da pele do examinado (valor p < 0,05). Pode ser observado que o percentual de adolescentes leucodermas sem lesão fundamental e alteração da normalidade (28,8%) é maior que o percentual dos adolescentes melanodermas (6,5%) e feodermas (9,9%) e que, o percentual de adolescentes que apresentam apenas alteração da normalidade é inferior dentre aqueles que são leucodermas (46,6%) (TAB 3).

LESÕES FUNDAMENTAIS
Como mostrado na Tabela 1, 24,24% dos examinados apresentaram pelo menos uma lesão fundamental. A Tabela 4 apresenta a distribuição percentual das lesões fundamentais encontradas.
Tabela 4: Distribuição Percentual das Lesões Fundamentais
Lesões Fundamentais Freqüência Percentual
Mácula 0 0,00
Placa 21 32,81
Nódulo 10 15,63
Pápula 2 3,13
Vesícula 0 0,00
Bolha 0 0,00
Erosão 14 21,88
Úlcera 5 7,81
Fissura 12 18,75
Pseudomembranosa 0 0,00
Hiperplásica 0 0,00

Foram diagnosticadas 64 lesões fundamentais nos 231 examinados, obtendo-se assim uma prevalência total dessas alterações da mucosa bucal de 27,70%, sendo que alguns deles apresentaram mais de uma lesão (TAB 1). Na população estudada, as lesões fundamentais identificadas foram: placa, erosão, fissura, nódulo, úlcera e pápula.
A placa (32,81%) (TAB. 4) foi a principal lesão da mucosa encontrada, a maioria delas de origem traumática, decorrentes provavelmente, de trauma mecânico provocado por hábito de mastigação crônica da mucosa. Uma delas foi provocada por aparelho ortodôntico e sete pelo uso do tabaco. Três placas removíveis localizadas na orofaringe, eram de origem bacteriana.
A erosão (21,88%) (TAB. 4 ) foi a segunda alteração mais prevalente. Dos quatorze casos encontrados (TAB. 4), doze foram de origem traumática, provavelmente, provocadas por hábito de mastigação crônica da mucosa bucal. Uma foi provocada por mordida acidental e outros dois casos localizados na semimucosa labial inferior por variação térmica.
Foram diagnosticados doze casos de fissura (18,75%) (TAB. 4), a maioria delas relacionadas com a variação térmica (11 casos).
Dez casos de nódulo foram identificados (15,63%) (TAB. 4).Todos eles foram provocados por trauma mecânico, a maioria resultante de brigas entre os internos, sendo um deles, provocado pela presença de diastema.
As lesões ulceradas constituíram cinco casos (7,81%) (TAB. 4), três eram de origem traumática provocadas por mordida acidental e as demais decorreram de infecção herpética recorrente.
As lesões fundamentais menos prevalentes foram as pápulas (3,13%). Apenas dois casos foram identificados (TAB 4). Ambas foram submetidas à biópsia excisional e exame anatomo-patológico no laboratório de Estomatologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Uma delas foi diagnosticada como hiperplasia focal e a outra como verruga vulgar.
O número médio de lesões fundamentais por cor da pele foi maior nos adolescentes feodermas (0,32), seguidos pelos leucodermas (0,27) e melanodermas (0,23), no entanto, apesar de ter sido maior dentre os feodermas, não foi observada diferença estatisticamente significante entre os 3 grupos (valor p= 0,618) > que (0,05).

ALTERAÇÃO DA NORMALIDADE
Como pôde ser observado na Tabela 2, 78,35% dos examinados apresentaram pelo menos uma alteração de normalidade, sendo que 37,23% apresentaram 2 ou mais alterações. Foram identificadas 293 alterações da normalidade. A Tabela 5 apresenta a distribuição percentual dessas alterações.

Tabela 5: Distribuição Percentual das Alterações de Normalidade

Alterações de Normalidade Freqüência Percentual
Anquiloglossia 1 0,34
Eritema areata migratório 2 0,68
Fossetas da comissura labial 15 5,12
Grânulos de fordyce 51 17,41
Leucoedema 57 19,45
Língua fissurada 18 6,14
Pigmentação melânica fisiológica 131 44,71
Torus mandibular 5 1,71
Torus palatino 12 4,10
Úvula bífida 1 0,34

O número médio de alterações de normalidade foi maior nos melanodermas (1,70), seguidos pelos feodermas (1,25). Os leucodermas foram os que apresentam menor número médio de alterações de normalidade (0,84). Foi observada diferença estatisticamente significante quando comparados os 3 grupos (valor p= 0,000) < que (0,05).

ASSOCIAÇÕES
Foi verificado a potencial associação entre a cor da pele do jovem examinado e a presença de pigmentação melânica fisiológica e leucoedema. As associações foram avaliadas através do teste Qui-Quadrado.
Foi observada associação estatisticamente significante entre a pigmentação melânica fisiológica e a cor da pele do examinando (valor p= 0,0000). Dos 231 examinados 131 (56,7%) apresentaram a alteração, sendo 11 deles leucodermas (15,1% de 73 examinados), 58 feodermas (71,6% / 81) e 62 melanodermas (80,5% / 77), portanto, a prevalência de pigmentação melânica fisiológica foi menor nos leucodermas.
Entre a presença de leucoedema e a cor da pele do examinado (valor p= 0,002), também foi observada associação estatisticamente significante. A prevalência da alteração é superior nos melanodermas 39,0%(30/77). Os leucodermas apresentaram-se com 17,8%(13/73) e os feodermas com 17,3%(14/ 81).

DISCUSSÃO
Os estudos de prevalência fornecem dados sobre a distribuição de uma determinada condição em um grupo populacional específico. Essas informações podem ser utilizadas no planejamento de ações coletivas de saúde, bem como para o levantamento de hipóteses a serem testadas em estudos analíticos futuros. Para o diagnóstico correto e tratamento mais adequado, torna-se evidente que o conhecimento das alterações que podem ocorrer na boca, bem como sua etiologia, é de fundamental importância.
Neste estudo, optamos por realizar interlocução com vários autores que realizaram pesquisas em populações de faixa etária semelhante que, no entanto, não se encontravam em regime de confinamento. Um fator que limita a comparação de dados é o fato de não haver na literatura, referenciais teóricos recentes, sobre prevalência de alterações neste grupo específico de adolescentes.
No Brasil, estudos epidemiológicos sobre alterações de mucosa bucal envolvendo adolescentes são raros. Além disso, a falta de padronização na coleta dos dados, diversidade de critérios clínicos de diagnóstico, o uso não uniformizado de termos epidemiológicos, tais como prevalência e incidência, também se constituem em elemento dificultador na comparação dos trabalhos, fato constatado por nós e relatado por Bouquot1. Segundo este autor, a prevalência de uma doença é definida como a freqüência com que ela ocorre em uma população em um momento particular; a incidência é o número de novos casos de uma determinada doença diagnosticadas em um período específico. Assim, todos os estudos, incluindo o presente, que descrevem a freqüência de uma alteração através de dados coletados em tempo único, fornecem como resultado, a prevalência da condição, independente da abrangência da amostra populacional.
Uma abordagem sistemática na coleta e relato dos diagnósticos das alterações da mucosa bucal que, possibilitem o intercâmbio de informações entre pesquisadores é de fundamental importância.
Quando se considera a prevalência total que incluem lesões fundamentais e alterações da normalidade, o presente estudo encontrou um percentual de 85,2%,(TAB 3) com 40,68%,(TABs1 e 2) dos examinados apresentando ou mais de uma lesão, ou mais de uma alteração da normalidade resultado diferente do encontrado por Bouquot1 que em 23616 pacientes, homens e mulheres constatou que 10,3% da população apresentava algum tipo de alteração com aproximadamente 25% delas apresentando mais de uma alteração. A diferença observada, pode se dever ao fato, de que no trabalho deste autor, o levantamento foi feito em homens e mulheres de todas as idades e não foram consideradas todas as alterações da normalidade, como a pigmentação melânica fisiológica e o leucoedema que tiveram alta prevalência neste estudo (TAB. 5).
Levantamento epidemiológico, com metodologia mais próxima à utilizada neste trabalho, foi realizado por Crivelli et al.2, que identificaram 33,76% de crianças e adolescentes apresentando algum tipo de lesão da mucosa bucal. A verificação de uma prevalência superior à encontrada por nós (24,24%) (TAB 1), pode estar associada à inclusão de crianças e de lesões periodontais inflamatórias no trabalho destes autores. Casariego et al.8; relataram que da amostra de 301 pacientes obtidas em laboratório de patologia bucal, 24,04% apresentaram lesões. Apesar da não especificação da idade dos pacientes e de diferentes condições da pesquisa, o resultado apresentado, foi semelhante ao encontrado no presente estudo.
Na literatura, observamos alguns resultados semelhantes como os relatados por Diaz-Gusman & Castellanos33 que avaliaram entre janeiro de 1982 e julho de 1986, 7297 pacientes com 15 anos ou mais, encontrando prevalência aproximada de 13% dos examinados apresentando lesões de mucosa bucal e por Nair RG et al.34 que ao examinarem 550 pessoas de 2 a 60 anos de idade, identificaram 14%, no entanto, muitos relatos apresentam discrepância, provavelmente devido à falta de padronização com relação à metodologia, como a inclusão de doenças periodontais inflamatórias e abcessos periapicais, exclusão de algumas alterações da normalidade como leucoedema e pigmentação melânica fisiológica, faixas etárias que incluem crianças, adolescentes e adultos ao mesmo tempo, critérios diagnósticos diversos e ainda diferentes áreas geográficas.
As alterações da normalidade neste estudo tiveram prevalência de 78,35% (TAB 2). Bryn 9 examinando estudantes de 7 a 13 anos de idade, constatou 33,54%. A discrepância pode ser explicada pela diferença das faixas etárias estudadas, pelo fato de algumas alterações aumentarem a sua prevalência com a idade e pela diferença de metodologia, com a inclusão no presente trabalho, de todas as alterações da normalidade.
A lesão mais prevalente neste estudo foi a placa (32,81%), (TAB 5). Os adolescentes que as apresentaram e foram provocadas pelo uso do fumo, tiveram esclarecimento a respeito dos efeitos do tabaco no aparecimento dessas lesões e orientados a abandonar o hábito.
Um estudo sobre prevalência de lesões traumáticas da mucosa bucal em 3779 adolescentes e adultos jovens institucionalizados, foi realizado por Van Wyk et al.38 A maioria deles encontravam-se na faixa etária entre 16 e 17 anos. A prevalência de mastigação crônica da mucosa bucal foi de 4,6%. Os autores examinaram comparativamente 555 alunos da mesma idade que não viviam em instituições, nenhuma lesão por mastigação foi encontrada. Concluíram que a maior prevalência de lesões em alunos institucionalizados se deveu ao estresse e às condições psicológicas e emocionais desse grupo. Observamos que a maioria das placas e erosões identificadas nesta pesquisa, decorreu deste hábito. A população participante deste estudo encontra-se sob estresse constante, provocado por brigas, rebeliões e fugas.
Alguns casos de erosão (2/14) e a quase todos os casos de fissura (11/12), estavam relacionados à variação térmica. Os que as apresentaram, foram medicados por nós com pomada de Dexametasona e Dexpantenol e para prevenirem a ocorrência das lesões, orientados a usar algum tipo de proteção.
Deve-se ressaltar, que estudos transversais, isto é realizado em tempo único, podem subestimar a real prevalência de lesões recorrentes como o herpes e ulceração aftosa. Kleinman et al.3 fizeram levantamento epidemiológico em 39206 escolares, com idade entre 05 e 17 anos. Foi perguntado a todas as crianças e adolescentes se houve história de ocorrência de lesões desencadeadas pelo frio, presença de vesículas precedidas por febre, e ainda presença de lesões ulcerativas, 33% deles relataram história pregressa de herpes labial recorrente e 37% de ulceração aftosa recorrente. Quando foi considerado, a identificação clínica do herpes labial recorrente os autores relataram 0,78% dos examinados apresentando a lesão, resultado semelhante ao deste estudo 0,86%(lesão ulcerada -TAB 4) e diferente dos encontrados por Cerri e Genovese6 que ao examinarem 326 reeducandos do Sistema Penitenciário do São Paulo, encontraram a condição em 1,8% dos examinados. Embora os estudos transversais sobre a prevalência de ulcerações aftosas recorrentes, variem entre 1,5 e 7,0% nas diversas populações, em nossos estudos, não foi constatado nenhum caso, provavelmente devido a fatores determinantes da lesão.
A prevalência de verruga vulgar provocadas pelo papilomavírus humano (HPV) em nossos estudos foi de 0,43% (1/231) e ocorreu em um adolescente de 17 anos. Summersgill et al.36 realizaram uma pesquisa em crianças e adolescentes quanto à freqüência do HPV. A taxa de soropositividade para o virus em adolescentes (acima de 13 anos) foi de 5,2%. A população estudada não apresentou evidência de infecção oral pelo HPV. Os autores concluíram que esta infecção poderia ocorrer na infância, desaparecer e posteriormente haver uma re-infecção, ou ainda a hipótese de haver uma infecção persistente com carga viral que não poderia ser detectada nos testes laboratoriais.
As duas alterações da normalidade mais prevalentes foram a pigmentação melânica fisiológica (44,71%) (TAB 5) com 56,7% dos adolescentes acometidos, sendo esta mais prevalente nos melanodermas (80,5%) e o leucoedema (19,45%) (TAB 5) com 24,7% dos examinados apresentando a alteração, sendo esta mais comum também nos melanodermas (39,0%). Eleutério 10 realizou um estudo em 991 crianças e adolescentes entre 05 e 14 anos de idade, para a verificação de pigmentação melânica fisiológica. A freqüência encontrada na raça branca foi de 11,8 a 13,1% na raça amarela foi de 64 a 75,9% e nos de raça negra de 91,3 a 95%. O autor ressaltou que a pigmentação melânica fisiológica aumenta quantitativamente com a idade. No entanto, a prevalência das alterações em negros relatada por ele, foi maior, quando comparadas aos nossos relatos (80,5%) que examinamos uma população com idade superior. Em relação aos adolescentes da raça branca o resultado foi semelhante (15,1%) (TAB 5). Neste estudo foram observadas diferenças estatisticamente significante quando essa alteração foi comparada à cor da pele (p=0,000). De acordo com Axéll & Henricsson11 o leucoedema corre mais comumente em negros adultos com aproximadamente 90% de prevalência. Na presente pesquisa, quando a presença do leucoedema foi comparada com a cor da pele dos examinados, observou-se associação estatisticamente significante (p=0,002). A alteração foi mais prevalente nos melanodermas com 39,0%, não existindo diferença significante entre leucodermas e feodermas com 17,8% e 17,3% respectivamente. A discrepância nos resultados pode estar relacionada a critérios clínicos de diagnóstico, diversidade de grupos populacionais pesquisados e a fatores determinantes.
A prevalência de língua fissurada neste estudo, foi de 6,14% e eritema Areta migratório 0,68% (TAB 5). A literatura mostra-se divergente, quanto à prevalência dessas alterações. Sawyer et al.5 em 2203 escolares nigerianos de 10 a 19 anos de idade relataram prevalência de língua fissurada em 0,8% e de eritema areata migratório em 0,2% dos examinados. Sedano et al.25, realizaram um estudo em crianças e adolescentes mexicanos de 05 a 14 anos e meio de idade e relataram 15,7% de língua fissurada e 0,98% de eritema areata migratório. Crivelli et al.33 investigaram 660 crianças e adolescentes de 03 a 13 anos de idade em relação às anomalias da língua. A prevalência de língua fissurada, foi de 0,45% e a de eritema Areata migratório 3,63%. Kovac-Kovacic e Skaleric37 encontraram presença de língua fissurada em 21,1% da população estudada.
Na literatura a prevalência de língua fissurada relatada variou entre 0,45 e 21,1% e eritema areata migratório entre 0,2 e 5,67% e foram pesquisadas por vários autores (12.13.14.15.16.17.18.19.20.21.22.24.26.27.28). A divergência na prevalência destas alterações da normalidade pode se explicar pelo fato das populações estudadas serem distintas quanto às faixas etárias e a fatores que determinam as alterações.
A associação entre língua fissurada e eritema areata migratório está bem documentada por vários autores (17.23.25.29.30). Rahamimoff & Muhsam17 após um período de acompanhamento de 8 anos, relataram transformação de eritema areata migratório em língua fissurada em 41 pessoas examinadas e a ocorrência simultânea das duas alterações em 8 delas. Este aspecto foi considerado pelos autores, como uma indicação de que o eritema areata migratório poderia se transformar em língua fissurada. Em nossos estudos, encontramos apenas um adolescente com a ocorrência simultânea das duas condições.
Anquiloglossia teve prevalência de 0,34% neste estudo, resultado diferente dos encontrados por Sedano4 que obteve prevalência de 0,1% em crianças e adolescentes de 6 a 15 anos de idade, por Sedano et al.25 que relataram prevalência de 0,83% em uma população entre 05 a 14 anos e meio de idade e por Crivelli et al.35 que relataram prevalência de 1,98% em crianças e adolescentes de 03 a 13 anos de idade e semelhante às encontradas por Mumeu et al39 (0,3%) que pesquisaram lesões de mucosa bucal na população Turca. Esta alteração parece não estar associada à faixa etária, no entanto, para uma conclusão, mais estudos são necessários.
Kovac-Kovacic e Skaleric37 encontraram prevalência de grânulos de Fordyce de 49,7% na população pesquisada, composta principalmente por adultos, percentual maior do que o relatado neste estudo, 17,41%(TAB 5). Na literatura, não encontramos trabalhos sobre a prevalência desta condição exclusivamente em adolescentes, portanto, relatos de prevalência mais alta em adultos, podem indicar uma relação com a idade.
Em nossa pesquisa, verificamos prevalência de fosseta da comissura labial de 5,12%(TAB 5), resultado semelhante aos apresentados por Sedano et al.25 que realizaram um estudo em crianças e adolescentes de 05 a 14 anos e meio de idade, relatando prevalência de 5,28%. Estes autores observaram ainda que a alteração tende a aumentar com a idade.
Sawyer et al.5 estudaram a prevalência de alterações da mucosa bucal em 2203 escolares de 10 a 19 anos de idade e encontraram 4,5% de torus palatino e 1,9% de torus mandibular. A prevalência relatada pelos autores foi semelhante à encontrada no presente estudo: torus palatino (4,10%) e torus mandibular (1,71%) (TAB 5).
Os resultados apresentados neste trabalho nos levam a refletir sobre a importância de uma semiotécnica bem conduzida, alicerçada em conhecimentos amplos sobre as alterações e doenças que se manifestam na mucosa bucal. O comprometimento do cirurgião dentista com a determinação da prevalência das alterações bucais em adolescentes, particularmente naqueles que vivem confinados, o leva como profissional da área de saúde a planejar atendimento, individual ou coletivo, dessas populações, poderá ainda, servir de base para futuros estudos, sobre a prevalência de alterações da mucosa bucal e de seus determinantes, em populações semelhantes.

CONCLUSÕES
Os resultados do presente estudo nos trás algumas informações sobre prevalência de lesões fundamentais e alterações da normalidade em adolescentes confinados e nos permite concluir que elas são diferentes, das encontradas em populações de mesma faixa etária e em outro ambiente.
O estudo realizado foi o de corte transversal isto é, em tempo único, assim, a verdadeira prevalência de lesões recorrentes como herpes labial e ulcerações aftosas podem ter sido subestimados.
Algumas lesões como a placa, erosão e nódulo podem ter sido decorridas das condições psicológicas e emocionais desse grupo e do uso de tabaco, esta é a única droga permitida nos Centros de Internação.
O percentual de adolescentes que apresentaram lesão fundamental e alteração da normalidade foi de 85,3%, (TAB 3), a presença de lesão fundamental foi de 24,24% (TAB 1) e as de alteração da normalidade foi de 78,35% (TAB 2).
Os adolescentes que não apresentaram lesão fundamental e nem alteração da normalidade e apenas lesão fundamental foram os leucodermas com 28,8%, e 9,6% respectivamente (TAB 3). Os que apresentaram maior prevalência de alterações da normalidade foram os melanodermas com 72,7% (TAB 3) e maior prevalência de lesões fundamentais e alterações da normalidade ocorrendo simultaneamente foram os feodermas com 19,8% (TAB 3). Este resultado nos permite observar diferença estatisticamente significante quando comparamos a presença de lesões e/ou alterações de normalidade e a cor da pele do examinado (valor p < 0,05).
Em relação ao número médio de lesões fundamentais por cor da pele foi maior nos adolescentes, não foi observada diferença estatisticamente significante entre os 3 grupos (valor p= 0,618). Quanto às alterações de normalidade houve diferença estatisticamente significante quando comparados os 3 grupos (valor p= 0,000).
Os resultados apresentados foram diferentes dos encontrados por outros autores, portanto, mais estudos são necessários para a verificação da prevalência das alterações de mucosa bucal e de seus fatores determinantes na população em geral e de modo particular em adolescentes, com a particularidade de viverem confinados.


Ramon Aluâne HIPÓLITO1 (Trabalhou na concepção, delineamento, análise, redação e interpretação dos dados)
Carlos Roberto MARTINS2 (Trabalhou na concepção, delineamento e na redação final)

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HIPÓLITO, R.A. PREVALENCE OF ORAL MUCOSAL ALTERATIONS IN BRAZILIAN ADOLESCENTS HELD IN TWO JUVENILE RE-EDUCATION CENTERS. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2008/Jun). [Citado em 08/12/2025]. Está disponível em: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/en/articles/prevalence-of-oral-mucosal-alterations-in-brazilian-adolescents-held-in-two-juvenile-reeducation-centers/2281?id=2281



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