0356/2025 - “NOTHING ABOUT US WITHOUT US”: STRATEGIES TO IMPROVE HEALTHCARE ACCESS ACCORDING TO LGBTQIA+ PEOPLE
“NADA SOBRE NÓS SEM NÓS”: ESTRATÉGIAS DE MELHORIA DO ACESSO À SAÚDE SEGUNDO PESSOAS LGBTQIA+
Author:
• Francisco Rodrigo Paiva dos Santos - Santos, FRP - <mrpaivasantos@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7161-2536
Co-author(s):
• Rafael Sousa Silva - Silva, RS - <rafael.sousapsi@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/ 0009-0002-2658-9143
• Vittória Rodrigues Felix - Felix, VR - <vittoriarf@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0009-0009-0348-9669
• Marco Tulio Aguiar Mourao Ribeiro - Ribeiro, MTAM - <marcotuliomfc@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0697-751X
• Tatiana Monteiro Fiuza - Fiuza, TM - <tatitatimfc@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5459-6741
• Adriano Henrique Caetano Costa - Costa, AHC - <adrianohcaetano@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1207-5320
• Rafael Rodolfo Tomaz de Lima - de Lima, RRT - <limarrt@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0647-5093
• Marcel Luis de Moraes Oliveira - Oliveira, MLM - <marcel.luis@univasf.edu.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1621-5941
Abstract:
Listening to strategies proposed by the LGBTQIA+ population is essential for developing effective and culturally sensitive solutions in healthcare access, in alignment with the community participation principle of Brazil’s Unified Health System (SUS). This article analyzes strategies to improve healthcare access based on the experiences and perceptions of LGBTQIA+ users. A qualitative study was conducted with 21 participants, employing in-depth interviews and thematic content analysis. The theoretical framework drew on contributions from Pierre Bourdieu and Judith Butler. Six central strategies emerged: professional training; strengthening public policies; humanization of care; fostering support networks; decentralization of services; and expanding LGBTQIA+ health research. The findings highlight the need for structural transformations in SUS, emphasizing the integration of this population’s experiential knowledge into public policy formulation. Active participation of LGBTQIA+ users in health planning is indispensable for advancing equity.Keywords:
Health Services Accessibility; Sexual and Gender Minorities; Primary Health Care; Unified Health System (SUS); Community Participation.Content:
“NOTHING ABOUT US WITHOUT US”: STRATEGIES TO IMPROVE HEALTHCARE ACCESS ACCORDING TO LGBTQIA+ PEOPLE
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“NADA SOBRE NÓS SEM NÓS”: ESTRATÉGIAS DE MELHORIA DO ACESSO À SAÚDE SEGUNDO PESSOAS LGBTQIA+
Abstract(resumo):
A escuta das estratégias propostas pela própria população LGBTQIA+ é fundamental para a construção de soluções efetivas e culturalmente sensíveis no acesso à saúde, conforme o princípio da participação comunitária do Sistema Único de Saúde (SUS). Este artigo analisa as estratégias de melhoria do acesso à saúde no SUS a partir das experiências e perspectivas de usuários LGBTQIA+. Trata-se de um estudo qualitativo com 21 participantes, cujos dados foram coletados por meio de entrevistas em profundidade e analisados à luz da análise temática de conteúdo. O referencial teórico baseou-se nas contribuições de Pierre Bourdieu e Judith Butler. Emergiram seis estratégias centrais: capacitação profissional; fortalecimento de políticas públicas; humanização do atendimento; fortalecimento de redes de apoio; capilarização dos serviços e ampliação das pesquisas em saúde LGBTQIA+. Os achados revelam a necessidade de transformações estruturais no SUS, destacando a importância de integrar o conhecimento experiencial dessa população aos processos de formulação de políticas públicas. A participação ativa de usuários LGBTQIA+ no planejamento das ações em saúde mostra-se indispensável para a promoção da equidade.Keywords(palavra-chave):
Acesso à saúde; População LGBTQIA+; Atenção primária à saúde; Sistema Único de Saúde; Participação da comunidade.Content(conteúdo):
1. INTRODUÇÃONas últimas décadas, a população LGBTQIA+ no Brasil tem protagonizado importantes mobilizações em defesa de seus direitos, especialmente no contexto pós-redemocratização. Apesar de alguns avanços institucionais, esse grupo ainda enfrenta graves processos de exclusão, como altos índices de violência, negligência institucional e restrição ao acesso aos direitos básicos1,2. Em 2023, registrou-se um assassinato de pessoas LGBTQIA+ a cada 38 horas no país, número que, somado à subnotificação, aponta para a persistência da violência estrutural3.
As pessoas trans, em particular, vivem em condições de extrema vulnerabilidade, com expectativa de vida média de apenas 35 anos — realidade diretamente relacionada à exclusão familiar e escolar, ao desemprego e às barreiras no acesso a serviços públicos4. Embora iniciativas como o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Política Nacional de Saúde Integral LGBT (PNSI LGBT) representem conquistas importantes, a efetivação dessas políticas sofre com retrocessos políticos e resistências institucionais5,6.
Nesse contexto, destaca-se a importância de escutar a própria população LGBTQIA+ sobre suas vivências, queixas e propostas para a melhoria do acesso à saúde. A participação popular, além de constituir um princípio doutrinário do SUS, é legalmente garantida pela Lei nº 8.142/907, que institui os Conselhos de Saúde e as Conferências de Saúde como instâncias de deliberação coletiva, controle social e formulação de políticas públicas em saúde.
Paulo Freire8 já alertava para a centralidade da escuta dos sujeitos em seus próprios contextos, defendendo que a transformação social só é possível quando se parte da realidade concreta das pessoas e de suas leituras de mundo. Assim, a construção de políticas de saúde mais equitativas demanda que as experiências e saberes da população LGBTQIA+ sejam efetivamente incorporados nos processos decisórios e na gestão pública. Como reforçam Assis e Jesus9, incluir os sujeitos no desenho das ações e serviços é condição indispensável para a promoção do acesso universal, integral e igualitário à saúde.
A literatura mostra que, no campo da saúde, a população LGBTQIA+ frequentemente enfrenta práticas discriminatórias, desrespeito ao nome social e um modelo de atenção marcado pela cisheteronormatividade4,10. Tais barreiras produzem afastamento dos serviços, sobretudo entre pessoas trans e travestis, o que contribui para o agravamento das iniquidades em saúde11. Além disso, discursos conservadores e moralizantes têm dificultado a implementação de políticas inclusivas, exigindo respostas intersetoriais e ações formativas urgentes para a promoção da equidade12.
Apesar da criação da PNSI LGBT em 2011, fruto das reivindicações dos movimentos sociais e de princípios constitucionais de igualdade e dignidade, ainda são recorrentes os desafios em sua implementação1,13. Iniciativas como o programa Brasil Sem Homofobia14, a Portaria nº 1.70715, que institui o Processo Transexualizador, e o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT16 representam marcos relevantes, mas não suficientes frente às desigualdades persistentes6,13. Tais entraves envolvem a escassa capacitação profissional, a ausência de dados sobre essa população e a presença de práticas institucionais excludentes17.
A Atenção Primária à Saúde (APS), principal porta de entrada do SUS segundo a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)18, ainda representa um ambiente hostil para parte da população LGBTQIA+, especialmente pessoas trans e travestis, que relatam experiências frequentes de discriminação e constrangimento19,20. A exclusão social e simbólica impõe obstáculos à permanência nos serviços e restringe o cuidado integral, ao passo que as demandas em saúde continuam sendo reduzidas, muitas vezes, à prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, reforçando estigmas e invisibilidades21,22.
O enfrentamento dessas desigualdades requer transformações estruturais e formativas no SUS. Embora as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Medicina já contemplem a diversidade de gênero e orientação sexual, a educação permanente dos profissionais em serviço ainda é limitada23. O conceito de acesso à saúde, entendido como o grau de adequação entre as ofertas dos serviços e as necessidades das pessoas usuárias, exige uma abordagem que vá além da disponibilidade e da utilização, incorporando dimensões como a aceitabilidade, que implica respeito à dignidade e às identidades9.
Diante desse panorama, o presente artigo propõe analisar as estratégias de melhoria do acesso à saúde no SUS a partir das experiências e perspectivas de usuários LGBTQIA+. Ao centralizar as vozes desses sujeitos, busca-se compreender os caminhos apontados por eles próprios para a construção de um cuidado mais justo, acolhedor e efetivamente equitativo.
2. PERCURSO METODOLÓGICO
Este é um estudo qualitativo realizado no município de Fortaleza, capital do Ceará, recorte de uma dissertação de mestrado. A abordagem qualitativa foi escolhida por possibilitar a compreensão aprofundada das percepções, sentimentos e experiências relacionados ao acesso aos serviços de saúde por pessoas LGBTQIA+, abrangendo dimensões subjetivas que ultrapassam a lógica da quantificação24.
A pesquisa incluiu pessoas autodeclaradas LGBTQIA+, maiores de 18 anos, usuárias da Atenção Primária à Saúde (APS) do município de Fortaleza, capital do Ceará. A seleção dos participantes ocorreu através de articulações com órgãos públicos, presença em eventos e reuniões de diversidade sexual, apoio de coletivos LGBTQIA+ e divulgação via panfletos e redes sociais. Foram excluídas pessoas que se recusaram a participar, menores de 18 anos, não LGBTQIA+, usuárias de serviços privados, de outros níveis de atenção ou de outros municípios.
Em contraste com a lógica estatística, priorizou-se a diversidade e a profundidade das experiências25. O número de participantes foi definido com base no conceito de “poder de informação”24, que valoriza a qualidade dos dados, a capacidade de resposta às questões do estudo e a flexibilidade amostral, reconhecendo que poucos relatos podem ser analiticamente potentes.
Com a participação de 21 pessoas, obteve-se um volume expressivo e significativo de informações para análise, respeitando as especificidades da população LGBTQIA+ e o caráter interpretativo da pesquisa.
A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas em profundidade no formato online, entre julho e agosto de 2024. A entrevista, conforme destaca Minayo e Costa26, é um instrumento central na pesquisa qualitativa, permitindo o acesso tanto a dados objetivos quanto às percepções subjetivas da realidade. Neste estudo, optou-se pelas entrevistas abertas, que oferecem liberdade narrativa e favorecem o aprofundamento das experiências relatadas.
Essa prática exigiu atenção constante à reflexividade27, sensibilidade para ouvir e habilidade para conduzir o diálogo sem engessá-lo, respeitando as emoções, nuances e os rumos inesperados que emergiram nas falas.
Para análise dos dados, foi utilizada a análise temática de conteúdo conforme estruturada por Minayo28, metodologia que busca interpretar os sentidos expressos nas falas dos participantes, associando-os aos contextos socioculturais e psicossociais de produção dos discursos. A análise temática, como modalidade da análise de conteúdo, desenvolveu-se em quatro etapas principais: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados e interpretação.
Segundo Minayo28 (p. 316), “a análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que estruturam uma comunicação e que são significativos para o objeto de estudo”. Ao focar nos sentidos, é possível captar valores, modelos e estruturas sociais presentes nos discursos.
O processo analítico iniciou-se com a transcrição dos áudios das entrevistas, realizada com o auxílio da inteligência artificial Whisper, por meio da plataforma Google Colaboratory. Essa ferramenta, integrada ao Google Drive, permitiu transcrições rápidas e seguras, assegurando a fidelidade às falas originais e facilitando a organização do material empírico.
As transcrições foram, então, importadas para o software MAXQDA, utilizado para apoiar a análise qualitativa dos dados. O MAXQDA possibilitou a codificação, a organização temática e a visualização de relações entre os discursos, conferindo rigor e sistematização ao processo analítico.
A codificação foi feita de maneira interativa e indutiva, com a criação inicial de códigos abertos derivados diretamente das falas e posterior agrupamento em categorias provisórias, que passaram por revisões e refinamentos até a consolidação das categorias finais, orientadas pelo referencial teórico e pelas evidências do material.
A análise fundamenta-se nos aportes teóricos de Pierre Bourdieu e Judith Butler, cujos referenciais oferecem subsídios potentes para compreender as múltiplas formas de exclusão vividas pela população LGBTQIA+ no acesso à saúde. Bourdieu29,30 contribui com os conceitos de habitus, campo e violência simbólica, que permitem interpretar como normas heterocisnormativas são naturalizadas nas práticas profissionais e institucionais do SUS, afetando de modo desigual diferentes grupos da sigla. Judith Butler31,32, por sua vez, oferece ferramentas para aprofundar a análise das normas que regulam o reconhecimento social dos corpos, mobilizando os conceitos de performatividade de gênero, vulnerabilidade e violência discursiva. Tais conceitos permitem refletir sobre como diferentes identidades de gênero e orientações sexuais são silenciadas ou tornadas ilegítimas por meio de discursos institucionais e práticas clínicas. A articulação entre esses referenciais possibilita visibilizar tanto as barreiras materiais quanto simbólicas que operam na saúde pública, reconhecendo a complexidade e a diversidade de experiências vividas por pessoas LGBTQIA+ nos serviços de atenção primária.
O processo de categorização percorreu, assim, um caminho dialético entre teoria e dados, permitindo a formulação de categorias densas, representativas e capazes de abarcar as múltiplas dimensões do fenômeno estudado. As categorias finais foram descritas de modo a preservar a complexidade das experiências narradas, sendo sempre ilustradas com trechos representativos dos discursos dos participantes, a fim de fortalecer a análise e assegurar o enraizamento empírico das interpretações.
Neste artigo, será apresentada e discutida a categoria “estratégia de melhoria do acesso”, que reuniu 64 núcleos de sentido. A partir dessa categoria, foram identificadas as seguintes subcategorias: capacitação/formação profissional (com 23 núcleos de sentido); legislações e políticas públicas efetivas e eficazes (com 14 núcleos de sentido); tratamento humanizado (com 13 núcleos de sentido); importância da rede de apoio (6 núcleos de sentido); capilarizar os serviços (6 núcleos de sentido); aumentar os estudos na temática LGBTQIA+ (2 núcleos de sentido).
O estudo respeitou os princípios éticos das Resoluções 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, que normatizam pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC), sob o parecer de número 6.934.406 e CAAE 80146424.1.0000.5054.
Para garantir o anonimato dos entrevistados na apresentação dos resultados, será utilizada a sigla ENT, que significa entrevistado, seguida de um número e da respectiva identidade de gênero e sexualidade. Exemplo: (ENT 2, MULHER LÉSBICA).
3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS ACHADOS
Neste artigo, a categoria temática a ser apresentada dentre as demais encontradas foi a categoria “estratégias de melhoria do acesso”, da qual surgiram subcategorias conforme tabela abaixo:
Tab.1
Diante das experiências de exclusão e dos obstáculos enfrentados no cotidiano dos serviços de saúde, os entrevistados mobilizam reflexões e sugestões que apontam caminhos possíveis para a superação dessas barreiras. As propostas emergem de vivências concretas e revelam formas de resistência e reivindicação por um cuidado mais justo e igualitário. As estratégias de melhoria do acesso à saúde formuladas pelos próprios usuários LGBTQIA+ expressam não apenas demandas por mudanças estruturais, mas também o desejo de participação ativa na construção de um SUS mais sensível à diversidade.
Inicia-se pela subcategoria “Capacitação/formação profissional”, a qual destaca-se como um dos pilares fundamentais para a construção de um sistema de saúde mais inclusivo e acolhedor para a população LGBTQIA+. As falas desta subcategoria revelam percepções, demandas e críticas relacionadas à necessidade de educação permanente, inclusão de vozes da própria comunidade nas formações e desenvolvimento de currículos acadêmicos mais abrangentes. Esses aspectos são apontados como caminhos essenciais para reduzir práticas discriminatórias e melhorar a qualidade do cuidado oferecido nas unidades de saúde.
“É necessário que se faça capacitações constantes com todos os níveis de funcionários. Porque aí você trabalha no tempo com relação à prevenção. Eu dou capacitação, curso, eu brinco, entendeu? Porque, através do brinquedo, do lúdico, as pessoas se libertam, elas se soltam. E as capacitações da saúde deveriam ser nessa linha. Isso deveria de ser currículo dentro do curso, obrigatório. E não um currículo adicional, faz se você quer”(ENT 14, MULHER LÉSBICA)
“O preparo precisa ser feito não pelo homem cis ou por uma mulher cis, branca, cisgênera. Esse preparo do atendimento a essa população precisa ser feito com vozes dessa população.” (ENT 1, MULHER TRANS)
“Ou eu fico nesse lugar de educador, eu tenho que ficar explicando o que é que eu sou, quais são os pronomes e mesmo assim as pessoas ficam errando. Por isso que existem as multas sociais para que as demandas cheguem e virem exigência e uma necessidade. Pior não é as pessoas desconhecerem ou não terem formação suficiente para lidar, é pior do que é isso, é o apagamento” (ENT 21, PESSOA NÃO-BINÁRIA)
A análise das falas revela que a capacitação profissional não é apenas uma exigência técnica, mas uma dimensão estratégica e política para transformar práticas de cuidado nas unidades de saúde e enfrentar as desigualdades estruturais que atravessam o campo da saúde. As entrevistas denunciam uma formação ainda limitada, muitas vezes centrada em conteúdos biomédicos e descolada das realidades e necessidades da população LGBTQIA+, o que gera um ambiente hostil e pouco responsivo.
A ausência de preparo adequado faz com que pessoas LGBTQIA+, como a ENT 21, sejam forçadas a assumir o papel de educadoras diante de profissionais despreparados, uma sobrecarga emocional que evidencia o apagamento institucional e a negligência sistemática. Para Bourdieu30, isso reflete o habitus conservador e excludente que se reproduz nas práticas profissionais, tornando naturalizadas atitudes discriminatórias.
As fala da ENT 14 propõe metodologias de formação mais acessíveis, afetivas e contínuas, que envolvam todos os níveis da equipe, da recepção ao corpo clínico. Nesse sentido, a educação permanente é vista não como um complemento, mas como um eixo central e obrigatório, que deveria estar integrado aos currículos das graduações em saúde.
Butler32 nos ajuda a compreender que a performatividade de gênero não se restringe às expressões identitárias dos usuários, mas também se manifesta nas práticas institucionais que reiteram normas de inteligibilidade e exclusão.
Capacitar equipes, portanto, exige a escuta e o protagonismo de pessoas LGBTQIA+ nos processos formativos. A formação, para ser de fato transformadora, deve incorporar essas vozes, desestabilizar o olhar hegemônico e promover um cuidado que reconheça as múltiplas formas de ser, viver e existir.
Na próxima subcategoria “legislações e políticas públicas efetivas e eficazes”, debate-se que a implementação de legislações e políticas públicas específicas é amplamente reconhecida como uma condição essencial para assegurar os direitos da população LGBTQIA+ no acesso à saúde. Contudo, os relatos revelam desafios persistentes e destaca-se o papel fundamental de campanhas de conscientização que extrapolem datas simbólicas, como o mês do orgulho LGBTQIA+, e promovam mudanças sistêmicas duradouras.
As falas também expõem a discrepância entre a criação de políticas públicas e sua aplicação no cotidiano dos serviços de saúde. A ausência de fiscalização efetiva e de regulamentações mais rígidas permite que práticas excludentes continuem a acontecer.
“E eu acho que falta principalmente a aplicação correta da portaria do Ministério da Saúde, número 2836 que é de 1 de dezembro de 2011 (...) Ela é muito bem elaborada no sentido de contemplar várias dimensões da saúde integral da população LGBTI+, todavia, ela ainda não é aplicada na sua magnitude.” (ENT 3, MULHER TRANS)
“A gente tem uma política que é direcionada para isso e as pessoas não conhecem, as pessoas ainda não entendem o que é orientação sexual, o que é identidade de gênero, e aí essas microviolências muitas vezes se tornam macro na prática, na questão dos exames, solicitação de exames, ou na prática da consulta de saúde sexual reprodutiva, que mulheres lésbicas é mais complicado fazer muitas vezes, ou homens trans que também precisam fazer”(ENT 20, MULHER LÉSBICA)
“A gente só vê campanhas e tudo mais voltado pro mês de junho, que é o mês da diversidade. A gente deveria ter campanhas mais efetivas, porque eu não sou pansexual ou viado só em junho, nós passamos todo dia trabalhando, pagando os impostos e tudo mais.”(ENT 19, HOMEM GAY)
As falas analisadas evidenciam que legislações e políticas públicas específicas são fundamentais para garantir os direitos da população LGBTQIA+, mas enfrentam entraves significativos de implementação. A não efetivação da Política Nacional de Saúde Integral LGBTQIA+ exemplifica como políticas bem formuladas tornam-se inócuas sem ações concretas. Essa lacuna reflete, segundo Bourdieu30, as dinâmicas de poder presentes no campo da saúde, onde estruturas institucionais mantêm barreiras simbólicas que impedem avanços significativos.
A carência de serviços voltados às necessidades da população LGBTQIA+, não apenas ambulatoriais para pessoas trans, mas também ações específicas para lésbicas, gays e bissexuais, compromete a oferta de um cuidado integral e equitativo. Políticas afirmativas, como cotas em concursos públicos, surgem como estratégias viáveis para promover representatividade, especialmente da população trans e travesti, cujas demandas exigem enfrentamento mais incisivo à cisnormatividade institucional.
Judith Butler32 traz o gênero como algo constituído por práticas reiteradas e reguladas socialmente, e não como uma expressão de uma identidade fixa ou natural. A performatividade, ao ser reiterada nos espaços institucionais, pode tanto reproduzir normas cisheteronormativas quanto abrir fissuras nessas normas, sobretudo quando corpos dissidentes ocupam lugares historicamente negados. Além disso, Butler aponta como práticas discursivas, como o uso (ou o apagamento) do nome social, produzem reconhecimento ou exclusão, constituindo formas de violência simbólica que impactam diretamente o acesso e a dignidade de sujeitos LGBTQIA+ em contextos como o da saúde.
A subcategoria “tratamento humanizado” trabalha o fato de o tratamento humanizado ser um componente essencial para garantir um atendimento digno e respeitoso à população LGBTQIA+ nos serviços de saúde. Os relatos coletados destacam que a ausência de acolhimento humanizado não apenas impede o acesso pleno, mas também perpetua barreiras simbólicas que afastam esses indivíduos dos serviços de saúde.
“Assumir isso enquanto profissional: ‘tem pessoas que vão me chegar e elas são de uma identidade de gênero diferente, são pessoas trans, seja não binário, seja mulher trans, homem trans, travesti’. Tem a articulação dos movimentos sociais mas precisaria também de uma iniciativa dos próprios profissionais de saúde também” (ENT 21, PESSOA NÃO-BINÁRIA)
“Quando você é bem tratado, quando você é bem atendido, você volta com certeza. Um amigo muito próximo, ele não fez o teste (de ISTs), justamente por vergonha mesmo, por chegar lá, e sentir muito invadido, ele ficou com muita vergonha, e aí ele disse que ia embora antes que o chamassem, justamente por ele ver a forma que os outros estavam sendo chamados” (ENT 4, HOMEM GAY)
“A integração de pessoas reais nos campos de trabalho é muito importante, a inclusão de pessoas trans, inclusão de pessoas travestis, inclusão de mulheres, inclusão de pessoas pretas, tudo isso é super importante para que a saúde seja mais humanizada”(ENT 18, HOMEM TRANS)
“É necessário você ir pra além do estereótipo da pessoa LGBT, sabe? Pra além da IST, pra além da problemática da população ser vista como alguém promíscuo”(ENT 9, HOMEM GAY)
A análise das falas evidencia que o tratamento humanizado não se limita à cordialidade ou à empatia pontual, mas envolve uma transformação estrutural das práticas de cuidado, capaz de acolher a pluralidade de corpos, vivências e vulnerabilidades presentes na população LGBTQIA+, reconhecendo-os como dignos de cuidado, passo fundamental para (re)construir vínculos com os serviços de saúde.
A experiência do ENT 4, revela como o medo da exposição e da vergonha ainda impede o acesso a ações básicas, como testagem de ISTs, particularmente entre homens gays, cuja sexualidade segue sendo tratada de forma estigmatizada. Já a fala do ENT 18 explicita que a ausência de representatividade profissional, especialmente de pessoas trans, travestis, pessoas negras e periféricas, contribui para a desumanização dos atendimentos, que muitas vezes operam sob uma lógica mecanizada, produtivista e insensível à singularidade dos usuários.
Tais dimensões refletem o que Bourdieu30 define como habitus discriminatório, operante nas rotinas institucionais e sustentado por um campo de poder que legitima certos corpos e invalida outros. Butler32, ao tratar da performatividade e da violência discursiva, reforça que a humanização exige o reconhecimento da inteligibilidade desses corpos, ou seja, que suas identidades deixem de ser tratadas como exceções, desvios ou apenas “casos especiais”.
Nesse sentido, Butler32 também nos lembra que o reconhecimento não se limita ao uso de nomes sociais, mas abrange a inteligibilidade de diferentes sexualidades no espaço público. Quando homens gays relatam estigmatização associada às ISTs ou quando mulheres lésbicas enfrentam o apagamento de suas práticas sexuais em consultas ginecológicas, vemos como normas discursivas produzem exclusão, negando a legitimidade desses corpos e experiências no campo da saúde.
Humanizar, nesse sentido, não é apenas melhorar o atendimento, mas interromper lógicas excludentes, reconfigurando os discursos e práticas que produzem sofrimento e afastamento.
A próxima subcategoria é “importância da rede de apoio”. Embora apenas as pessoas trans entrevistadas tenham mencionado diretamente a importância das redes de apoio, esse dado revela uma camada significativa de análise. A centralidade desse tema para sujeitos trans aponta para a distribuição desigual da vulnerabilidade dentro da própria comunidade LGBTQIA+, evidenciando como esse grupo, mais exposto a situações de exclusão, transfobia e negligência institucional, depende com maior frequência de mecanismos coletivos de suporte para acessar seus direitos, inclusive o direito à saúde. Essa observação, longe de invalidar a relevância das redes para os demais segmentos LGBTQIA+, reforça seu papel como estratégia comunitária e afetiva fundamental, sobretudo diante da precariedade das respostas estatais.
“E ainda bem que a gente conta com a Rede de Apoio, porque a gente tinha outros amigos que estavam sendo já acompanhados (...) até que eu cheguei na médica que me acompanha, desde então, já faz três anos que eu sou acompanhado.” (ENT 17, HOMEM TRANS)
“Dependendo do local, eu prefiro ir acompanhada com minhas amigas trans (...) Normalmente, quando estamos sozinhas, é muito mais fácil sofrer transfobia, sofrer agressões.” (ENT 15, MULHER TRANS)
“Sempre procurei ir acompanhado (às UAPS), de algum familiar ou então, se eu tiver algum relacionamento, ir acompanhado da esposa, da namorada (...) é um conforto emocional para a pessoa que já sabe que vai passar por isso (violências de gênero).” (ENT 10, HOMEM TRANS)
As falas revelam como familiares, amigas/os e outras pessoas da comunidade LGBTQIA+ tornam-se agentes de acolhimento, proteção e mediação no enfrentamento às barreiras simbólicas e práticas que estruturam o acesso aos serviços de saúde, constituindo formas concretas de resistência.
Para Bourdieu30, tais redes funcionam como capital social e simbólico, ampliando a capacidade de mobilização frente às dinâmicas excludentes do campo da saúde. Já Judith Butler32 aponta que o reconhecimento mútuo entre sujeitos dissidentes pode produzir alianças que subvertem a norma e criam espaços de habitabilidade. Nesse sentido, as redes de apoio operam como formas de performatividade coletiva, que não apenas oferecem proteção, mas também produzem novos modos de existência e pertencimento.
Políticas públicas devem promover a equidade em saúde, considerando o fortalecimento e a valorização dessas redes, não como substitutas da ação estatal, mas como aliadas estratégicas na construção de um cuidado verdadeiramente inclusivo e interseccional.
A próxima subcategoria é “capilarizar os serviços”. Ainda que essa temática tenha emergido com foco para a população trans, sua permanência como categoria analítica é justificada pela urgência das desigualdades que ela escancara. Isso porque a concentração desses serviços em poucos equipamentos de saúde reproduz um modelo centralizador e excludente, que impede o acesso pleno à saúde e evidencia a hierarquização das demandas dentro da própria sigla LGBTQIA+.
“Existe ainda uma questão territorial que algumas pessoas não vão conseguir ter acesso a esse posto referência. Então esse tipo de atendimento ele não pode ficar somente nele. As equipes de saúde básica precisam ser treinadas para poder atender essa demanda.” (ENT 7, HOMEM TRANS)
“Essa questão que você falou da hormonioterapia é algo tão importante porque infelizmente pessoas trans têm se autoadministrado com hormonioterapia e muitas vezes, sabe, sem ter conhecimento nenhum.” (ENT 9, HOMEM GAY)
“Seria interessante, eu acho que seria uma boa (...) que tivesse uma portaria de planejamento para acompanhamento endocrinológico nos postos de saúde para as pessoas trans.” (ENT 6, MULHER TRANS)
As falas indicam que o cuidado específico voltado à população trans continua restrito a poucos centros, que enfrentam longas filas de espera, desafios de deslocamento e riscos territoriais, como a violência armada. Essa concentração de serviços evidencia, como propõe Bourdieu³?, uma dinâmica de poder que opera no campo da saúde ao manter a marginalização de corpos dissidentes. Judith Butler³² aponta que a não inserção desses cuidados no cotidiano dos serviços de atenção primária reforça a lógica cisheteronormativa, negando a legitimidade de identidades trans nos espaços institucionais.
A prática da automedicação hormonal, mencionada por participantes, é um efeito direto da ausência de acesso seguro e qualificado, e revela o descaso do sistema de saúde com demandas trans-específicas. Nesse cenário, a capilarização dos serviços, por meio da descentralização do cuidado e da capacitação das equipes da atenção básica, não se limita à ampliação de cobertura territorial, mas se inscreve como uma estratégia de enfrentamento à exclusão institucional e de promoção da equidade.
A última subcategoria que emergiu das falas foi “aumentar os estudos na temática LGBTQIA+”. O conhecimento produzido a partir de pesquisas que abordam as demandas e especificidades dessa população contribui não apenas para a formação de profissionais de saúde mais capacitados, mas também para o enfrentamento das violências simbólicas e estruturais que perpetuam desigualdades no acesso à saúde.
“Eu acho que falta inclusive literatura científica, que aborde com profissionais da saúde sobre a necessidade de se acolher e de se garantir atendimento humanizado para a população LGBTQIAPN+ (...) essa dificuldade atrasa o processo de elaboração de políticas públicas.” (ENT 3, MULHER TRANS)
“Eu acho que muita coisa acontece porque as pessoas não têm formação suficiente nas mãos, ou então não têm protocolos desenvolvidos pra lidar com essas situações. Então, acho que isso precisa ser um foco”(ENT 5, MULHER LÉSBICA)
“Pode haver aquele pesquisador mais renomado no mundo que escreveu diversos artigos, que fez diversas pesquisas, falam sobre população LGBT, mas ele não é uma pessoa LGBT que sabe as demandas e a dor que lhe dói, sabe? E eu acho isso muito importante, de incluir a população LGBT dentro desse processo”(ENT 9, HOMEM GAY)
“E aí pra que a gente tenha isso, vou ter que falar: fazer pesquisa com os servidores e servidoras da saúde, operadores e operadoras da saúde.” (ENT 17, HOMEM TRANS)
As falas ressaltam não apenas a escassez de literatura científica, mas também a importância da representatividade na produção do conhecimento, indicando que o saber técnico precisa dialogar com vivências situadas. Como afirma um dos participantes, não basta escrever sobre a população LGBTQIA+ sem incluir suas vozes no processo de investigação. Nesse sentido, Bourdieu³? traz que o conhecimento científico opera como capital simbólico capaz de legitimar discursos e transformar práticas sociais. Ao ocupar esse campo, as demandas LGBTQIA+ ganham força política e institucional.
Por outro lado, a ausência ou invisibilização dessas experiências na produção acadêmica também é um efeito da cisheteronormatividade estruturante, como destaca Judith Butler³². A expansão de pesquisas nessa temática, sobretudo conduzidas por pessoas LGBTQIA+ ou em diálogo com essas vozes, atua como resistência epistemológica, desafiando os modelos dominantes de saber e abrindo caminho para práticas de cuidado mais sensíveis e equitativas.
Nesse contexto, fomentar pesquisas sobre saúde LGBTQIA+, inclusive sobre os próprios profissionais e instituições, é uma ação estratégica para qualificar o cuidado, ampliar a visibilidade dessa população no campo científico, dando força para que suas iniquidades sejam combatidas com maior efetividade.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A melhoria do acesso à saúde da população LGBTQIA+ exige ações estruturais, formativas e políticas que abarquem a diversidade de desafios enfrentados por esse grupo. Embora haja pontos de convergência como a cisheteronormatividade institucional, cada grupo da sigla LGBTQIA+ vivencia desigualdades específicas no acesso: homens gays ainda enfrentam estigmatização no cuidado sexual, mulheres lésbicas e bissexuais relatam apagamento em atendimentos ginecológicos e pessoas trans encontram maiores barreiras no acesso a terapias hormonais e acolhimento nas unidades básicas. Reconhecer essa pluralidade é fundamental para que as estratégias propostas não se restrinjam a uma visão homogênea, mas dialoguem com as particularidades de cada experiência.
Capacitar os profissionais de saúde com uma abordagem crítica e humanizada surge como um ponto de partida fundamental para combater as práticas discriminatórias que afastam a população LGBTQIA+ dos serviços de saúde. Paralelamente, a ampliação e a descentralização dos serviços, incluindo o atendimento especializado nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPSs), são indispensáveis para enfrentar barreiras territoriais, simbólicas e estruturais que limitam o acesso.
As redes de apoio, evidenciadas como fontes de proteção, orientação e resistência, complementam essas estratégias, oferecendo um suporte essencial para que as pessoas LGBTQIA+ possam acessar serviços de saúde em contextos frequentemente hostis. Além disso, a necessidade de aumentar a produção de conhecimento acadêmico sobre essa população, tanto em relação às suas demandas quanto às práticas profissionais, é um fator crucial para subsidiar políticas públicas e aprimorar as práticas de cuidado.
Conforme discutido ao longo das subcategorias, as melhorias no acesso à saúde da população LGBTQIA+ não se restringem a mudanças pontuais, mas exigem transformações profundas no campo da saúde. Sob a perspectiva de Bourdieu30, essas transformações requerem a desconstrução de habitus enraizados e a reconfiguração das relações de poder que perpetuam desigualdades. Butler32, por sua vez, reforça que essas mudanças passam pela visibilidade e valorização das identidades dissidentes, reconhecendo-as como legítimas e plenas no espaço institucional.
Este estudo apresenta algumas limitações que merecem ser consideradas. A condução das entrevistas de forma online dificultou a observação de expressões não verbais, o que pode ter limitado a captação de nuances subjetivas importantes. Além disso, é desafiador desenvolver análises sobre questões tão amplas, considerando a diversidade interna e as disputas políticas e identitárias presentes entre as populações que compõem a sigla LGBTQIA+. O movimento cresceu, se ampliou e, com isso, as análises sobre a temática tornaram-se ainda mais complexas e contextualmente situadas. Ainda assim, optou-se por manter o artigo voltado à sigla LGBTQIA+ de forma abrangente, por reconhecer que, apesar das particularidades, há elementos estruturais compartilhados, como a cisheteronormatividade e a LGBTfobia institucional, que atravessam as experiências de acesso à saúde de forma coletiva e demandam reflexão integrada, sem desconsiderar a relevância de uma abordagem interseccional sobre o tema.
A ausência de falas de profissionais e gestores restringiu a análise institucional, e o tempo limitado, característico de pesquisas de mestrado, dificultou a exploração mais ampla de outras dimensões relevantes.
Além disso, a inexistência de financiamento específico reflete os desafios enfrentados por estudos de gênero, especialmente em contextos políticos conservadores. Tais limitações, no entanto, não comprometem os achados, mas evidenciam a complexidade do tema e reforçam a importância de investigações futuras que ampliem e aprofundem essa agenda.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Micael Sampaio da Silva por auxiliar na redação deste artigo. Agradecemos a todas as pessoas LGBTQIA+ que participaram desse estudo, sem a sua contribuição ele não seria possível.
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