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0268/2007 - Knowledge of the health professionals in the intensive therapy unity about the prevention of pneumonia associated to mechanic ventilation
Conhecimento dos profissionais de saúde na Unidade de Terapia Intensiva sobre prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica

Author:

• Carla Mônica Nunes Pombo - Pombo,C.M. - Fortaleza, Ceará - Hospital Geral Dr. Cesar Cals - <carlamonica@fortalnet.com.br>

Thematic Area:

Não Categorizado

Abstract:

The Pneumonia Associated to Mechanic Ventilation (PAMV) is the more important and more common infection in critic ventilated mechanically patients in the Intensive Therapy Unity (ITUs). This quantitative research has aimed to assess the knowledge of the health professionals about prevention of PAMV in two public hospitals of Fortaleza- Ce, from June to July, 2006. A questionnaire was made with 104 professionals, using the concept scales of Likert which was used as a parameter and reference to the assessment. It was calculated the average and standard digression and it was analyzed the knowledge of professionals in relation to the PAMV. It was observed the association between the knowledge about prevention of PAMV and the other variables through the X2 tests from Fisher-Freeman-Halton, fixing the significance level in 5%. The results obtained had suggested that the knowledge of health professionals of the two ITUs about prevention of PAMV was insignificant. We conclude that, in genera way, independent of professional category, the knowledge about PAMV and risk factors associated to it was only regular and it was lowest than expected and, in some cases, the situation was considerably worrying.
Key words Pneumonia, Mechanic ventilation, Intensive Therapy Unit.


Content:

Introdução
Nos tempos atuais, os profissionais de saúde que fazem intensivismo buscam, incessantemente, a forma ideal de prevenir e tratar s infecções respiratórias dos pacientes críticos internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), com preocupação crescente com os custos pessoais, sociais e econômicos envoltos nessa atividade1. Esses profissionais formam uma equipe composta por médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas, auxiliares de enfermagem e serviços que colaboram direta ou indiretamente, de acordo com as necessidades de cada unidade. A formação de equipes comprometidas com o processo de educação permanente, sistematizada com a finalidade de planejar, normatizar, desenvolver, divulgar resultados e criticar positivamente os programas de controle de infecções hospitalares, resultará num impacto econômico com diminuição dos custos hospitalares.
A tecnologia altamente especializada e complexa utilizada em UTI incrementa a sobrevida dos pacientes críticos nas mais diversas situações. Em contra partida, aumenta os fatores de riscos predisponentes que levam a adquirir infecção hospitalar nos pacientes internados18.
É uma luta incansável a busca pela manutenção da vida dos pacientes críticos que necessitam de monitorização e suporte contínuo para preservação de suas funções vitais, onde a maioria absoluta deles são submetidos a procedimentos invasivos, tais como: tubo orotraqueal, traqueostomia e ventilação mecânica, que prejudicam os mecanismos de defesa do trato respiratório, tendo como conseqüência a Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM)2. A ventilação mecânica é uma forma de tratamento artificial utilizado em UTIs para manutenção da oxigenação e/ou ventilação dos pacientes críticos que desenvolvem insuficiência respiratória3.
Quando os pacientes são submetidos à ventilação mecânica, os mecanismos de defesa do pulmão estão alterados pela doença de base, ou pela perda da proteção das vias aéreas superiores, em indivíduos intubados, trazendo distúrbios da fisiologia normal respiratória durante a ventilação mecânica, que vão desde a hipersecreção pulmonar até a um aumento da freqüência das infecções respiratórias, com alto índice de morbimortalidade4.
A PAVM é a infecção que ocorre entre 48h a partir da intubação, que não estava incubada no período da admissão do paciente, e 72h após a extubação5. Ela é considerada a mais importante e comum infecção que acomete os pacientes críticos ventilados mecanicamente nas UTIs6.
A PAVM é um tipo de infecção hospitalar que mais acomete os pacientes críticos internados nas UTIs 7,8, cuja incidência é de aproximadamente 1 a 3% dia em pacientes intubados ou traqueostomizados submetidos à ventilação mecânica9. A incidência de pneumonias fica em torno de 20 a 25% 10. As estatísticas internacionais revelam que a pneumonia nosocomial ocorre entre 5 a 10 casos em 1.000 internações e aumentam de 6 a 20 vezes em pacientes submetidos à ventilação mecânica, ou seja, em média 7 casos em 1.000 dias de ventilação mecânica, com a mortalidade variando de acordo com a virulência do microorganismo infectante, podendo ser de 50% nas pneumonias de início tardio, principalmente nas bacterianas 11.
A implantação e a evolução da PAVM vão depender fundamentalmente do intercâmbio entre os fatores microbianos e as defesas do hospedeiro, onde a integridade do organismo em relação à defesa sistêmica e local (no caso respiratório) constitui um mecanismo importante na gênese da infecção12.
Os fatores de risco da PAVM são: idade avançada acima de 70 anos; coma; nível de consciência; intubação e reintubação traqueal; condições imunitárias; uso de drogas imunodepressoras; choque; gravidade da doença; antecedência de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC); tempo prolongado de ventilação mecânica maior que 7 dias; aspirado do condensado contaminado dos circuitos do ventilador; desnutrição; contaminação exógena; antibioticoterapia como profilaxia; colonização microbiana; cirurgias prolongadas; aspiração de secreções contaminadas; colonização gástrica e aspiração desta, o pH gástrico (maior que 4)13,14. O conhecimento dos fatores de risco para PAVM é de fundamental importância para interferir na cadeia epidemiológica e na tomada de decisão do controle e prevenção da doença 15.
Na prática, o diagnóstico de PAVM é baseado em critérios clínicos e radiológicos, como a presença de infiltrados novos e persistentes, temperatura > 38,3°c, leucocitose ou leucopenia e secreção traqueobrônquica purulenta ou um destes16.
Dada a importância e a complexidade do problema de saúde, faz-se necessária a realização de intervenções que causem impactos para prevenir a PAVM, levando à redução da freqüência da infecção17, sendo imperativa a adoção de medidas preventivas. Estudos revelam que existe uma série de recomendações baseadas em evidências que podem maximizar a qualidade da assistência e minimizar os custos com a saúde 18,19.
As principais recomendações para reduzir a PAVM incluem a educação dos profissionais de saúde, a vigilância epidemiológica das infecções hospitalares, a interrupção na transmissão de microorganismos pelo uso apropriado de equipamento hospitalar, a prevenção da transmissão de uma pessoa para outra e a modificação dos fatores de riscos para o desenvolvimento de infecções bacterianas20.
A escolha pelas UTIs e pelo tema em questão, partiu de nossas reflexões e observações ao longo dos anos de vivência profissional em terapia intensiva, portanto fazendo parte do contexto da pesquisa. Fazemos parte também do grupo de assistência respiratória do hospital que tem como atribuições normatizar as ações relativas à indicação, realização de cuidados de manutenção e retirada de equipamentos usados em terapia respiratória e desenvolvimento de ações educativas permanentes. As UTIs são fontes de prestação de atenção especializada a pacientes críticos e contam com equipes multidisciplinares, capacitadas, experientes que são apoiadas pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) dos hospitais. Dessa forma, ao refletirmos sobre o agir do profissional que faz intensivismo, nos veio a inquietação em descobrirmos se esse profissional teve ou não uma formação suficiente para prática da prevenção da PAVM.
Considerando a importância para a Saúde Pública da participação e da contribuição dos profissionais de saúde que fazem intensivismo na redução e no controle da PAVM, o objetivo desse estudo foi avaliar o conhecimento desses profissionais de saúde sobre a prevenção da PAVM em pacientes críticos internados nas UTIs.

Metodologia
O estudo foi descritivo e de natureza quantitativa, no qual foi realizada uma busca sistemática sobre o conhecimento dos profissionais de saúde sobre a prevenção da PAVM nas UTIs adulto do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e Hospital Geral César Cals (HGCC), ambos situados em Fortaleza-Ce., no período de junho a julho de 2006. Trata-se de dois hospitais gerais públicos de atenção terciária à saúde que pertencem a Macro-região de Fortaleza, sendo de referência para todo estado do Ceará. Os hospitais são de Ensino do Ministério da Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), onde buscam constantemente, a educação permanente com intuito de capacitar e qualificar seus profissionais.
O HGF dispõe atualmente de 3(três) UTIs de adulto funcionando provisoriamente no térreo com 7 leitos, no 1º andar com 10 leitos e no 3º andar com 5 leitos. Existe nesse hospital uma Central de Ventiladores Mecânicos que faz todo o controle de aproximadamente 80 ventiladores mecânicos e seus equipamentos. O HGCC dispõe atualmente de 1(uma) UTI de adulto com 12 leitos, possui aproximadamente 13 ventiladores mecânicos e está localizada no 1º andar do hospital. As UTIs dos dois hospitais possuem áreas de internação, administração e arsenal de material de consumo, sanitários, vestiários. Todas as UTIs são climatizadas e seus leitos são divididos por cortinas. Os pacientes das UTIs dos dois hospitais são encaminhados pela Central Reguladora de Leitos da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará e também dos próprios hospitais.
A população foi constituída por todos os 338 profissionais de saúde de nível médio e superior, das equipes intensivistas das UTIs adulto dos dois hospitais. Foi utilizado, como critério de exclusão todos os profissionais que não aceitaram participar do estudo. E como critério de inclusão os que aceitaram participar do estudo, resultando em uma amostra de 104 profissionais conforme a distribuição a seguir:

Hospital Aux/Téc. enfermagem Enfermeiro Fisioterapeuta Médico
HGF 13 9 5 13
HGCC 24 11 6 23

Aplicou-se um questionário estruturado, composto por 43 questões, onde foram destacados aspectos relacionados ao nível de conhecimento dos profissionais de saúde. As questões e as diretrizes para avaliação foram baseadas no Guideline para prevenção e controle das infecções hospitalares14.
As variáveis foram agrupadas da seguinte maneira:
• Características dos profissionais de saúde: hospital, categoria profissional, tempo de formado, formação profissional, participação em eventos.
• Avaliação do conhecimento sobre prevenção de PAVM: definição, epidemiologia, etiologia, critérios de diagnóstico, patogênese e fatores de risco, prevenção e tratamento de materiais.
• Necessidade de orientação, informação e treinamento dos profissionais nas UTIs sobre prevenção de PAVM.
• Importância da educação para profissionais de saúde nas UTIs sobre prevenção de PAVM.
Criou-se uma escala de conceitos, baseada na escala de Likert21. Esses foram definidos de acordo com a quantidade de itens corretos que os profissionais acertaram.

Distribuição do número de itens corretos
Nº itens na questão
Conceito Quatro Três Dois Um
Excelente (E) 4 3 2 1
Bom (B) 3 2 - -
Regular (Re) 2 ou 1 1 1 -
Ruim (R) 0 0 - -


A análise dos dados foi feita descritivamente (médias e desvios padrão), bem como inferencialmente, quando se analisou a associação entre as variáveis selecionadas ao conhecimento e categoria profissional, por meio dos testes estatísticos de 2 e Fisher-Freeman-Halton. Para todas as análises estatísticas foi fixado o nível de significância de 5%.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do HGCC, com cautela em obedecer às diretrizes e normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde22.
Resultados
O tempo de formado variou de 1 a 45 anos, em média ± desvio padrão de 13 ± 8 anos. O intervalo de tempo com concentração de maior número de profissionais foi de 6 a 10 anos, com 26 (28,4%), enquanto que a concentração de menor número de profissionais foi de 1 a 5 anos e 11 a 19 anos, ambos com 21 (23,3%).
Quanto à formação profissional, o tempo de especialização variou entre 1 a 18 anos, em média ± desvio padrão de 6 ± 5 anos, sendo que o intervalo de tempo com maior número de profissionais foi de zero até 2 anos com 19 (38,0%), enquanto que a concentração de menor número de profissionais foi de 10 a 18 anos, com 13 (26,0%). Quanto ao tempo de conclusão de residência médica, houve uma variação de zero a 2 anos, em média ± desvio padrão de 6 ± 5 anos, sendo o intervalo de tempo com concentração de maior e menor número de profissionais de zero até 2 anos, com 12 (41,4%) e 6 a 20 anos, com 8 (27,6%), respectivamente. Verificou-se, ainda, apenas um profissional de nível superior com mestrado e nenhum com doutorado.
No que se refere à participação em eventos sobre a PAVM, a concentração de maior de número de profissionais foi em aulas/seminários com 31 (29,8%). Observou-se que o número de profissionais sem nenhuma orientação, 48 (46,1%), sobre o assunto foi extremamente relevante para os que buscam diariamente nas UTIs a forma ideal de se prevenir a ocorrência da PAVM. Quanto aos sentimentos referentes à orientação, informação e treinamento sobre a prevenção PAVM, a concentração do número de profissionais foi bastante equilibrada. Cerca de 31,7% (33) de profissionais de saúde referiram que se sentiam capacitados, enquanto 33 profissionais não se sentiam e ainda 36,5% (38) profissionais responderam que acreditavam estarem razoavelmente orientados.
Quanto a "receber treinamento específico", 95 (91,3%) os dos profissionais responderam que gostariam de receber.
Em relação à importância da educação e orientação para profissionais sobre medidas preventivas da PAVM, verificou-se que 90,2% dos profissionais consideram-na grande. Esse percentual foi bastante significativo, revelando que a maioria dos profissionais de saúde das UTIs demonstram interesse em se capacitar e aprimorar seus conhecimentos sobre o tema em questão.
Na Tabela 1, estão apresentadas as distribuições do número de profissionais segundo o conhecimento da definição, epidemiologia, etiologia e diagnóstico da PAVM e categoria profissional.
INSERIR TABELA 1

Na definição de PAVM, a concentração maior do número de profissionais foi no conceito REGULAR, com 76,9%, predominando a categoria de aux/téc. de enfermagem seguida da de médico. Em EXCELENTE, a concentração maior do número de profissionais foi na categoria de médicos, observou-se que houve associação estatisticamente significante quando os aux/téc. de enfermagem obtiveram piores notas do que os demais (p=0,028) revelando necessidade de mais atenção nessa categoria.
Quanto à epidemiologia, a concentração maior do número de profissionais foi no conceito BOM, com 43,3%, predominando na categoria de aux/téc. de enfermagem seguida da de médico. Em EXCELENTE, a categoria com maior número de profissionais foi de médicos, com 19,2%. Os fisioterapeutas foram os únicos profissionais que não apresentaram conceito RUIM. Observou-se que houve associação estatisticamente significante entre epidemiologia e profissão (p=0,003), quando os médicos obtiveram melhores notas que os outros profissionais.
No que se refere à etiologia, a concentração maior do número de profissionais foi no conceito BOM (36,5%), prevalecendo a categoria de médico, seguido de aux/téc. de enfermagem. No EXCELENTE, a categoria com maior número de profissionais foi a de médicos e fisioterapeutas. Observou-se que houve associação estatisticamente significante, podendo-se afirmar que os médicos e fisioterapeutas obtiveram melhores notas do que aux/téc.de enfermagem e enfermeiros (p=0,001).
No diagnóstico, a concentração maior do número de profissionais foi no conceito EXCELENTE (50,96%), predominando a categoria de médico. No RUIM (26,92), predominou a categoria de aux/téc. de enfermagem (p=0,001), significando dizer que os médicos obtiveram melhores notas do que os outros profissionais.
Na Tabela 2, estão apresentadas as distribuições do número de profissionais segundo o conhecimento sobre os fatores de risco da PAVM e categoria profissional.
INSERIR TABELA 2
Nas infecções mais freqüentes, o maior do número de profissionais obtiveram conceito REGULAR (48,1%), com predomínio da categoria de aux/téc. de enfermagem. Nos conceitos EXCELENTE e BOM os médicos tiveram predominância, sendo essa associação estatisticamente significante (p=0,004).
Quanto aos fatores de risco para desenvolvimento da PAVM, os profissionais alcançaram os piores conceitos: REGULAR (52,9%), com predomínio na categoria de aux/téc. de enfermagem e RUIM (43,9%), com predomínio na categoria de médico. Isso mostra que os aux/téc de enfermagem e médicos demonstraram um nível de conhecimento bem abaixo do esperado em relação aos outros profissionais (p=0,047).
A aspiração associada à nutrição enteral teve desempenho EXCELENTE em 36,6% dos profissionais e BOM em 26,0%, predominando a categoria de médicos. Esta, portanto, está mais orientada do que as outras categorias (p=0,001).
Em relação aos mecanismos fisiopatológicos, o conceito BOM esteve presente em 32,7%, predominando nas categorias de médico e aux/téc. de enfermagem. No conceito RUIM (26,0%), o predomínio maior foi nas categorias de médico e enfermeiro. No EXCELENTE (16,3%), a ocorrência maior foi na categoria de médico. Essas diferenças em termos percentuais significam que os médicos e enfermeiros tiveram piores notas que os outros profissionais (p=0,001).
Quanto aos fatores adicionais ao desenvolvimento da PAVM, BOM (42,3%) e EXCELENTE (30,8%) predominaram na categoria de médico e RUIM (22,1%), na categoria de aux/ téc de enfermagem, sendo essas diferenças estatisticamente significantes (p=0,002).
INSERIR TABELA 3

Nos objetivos predominou o conceito REGULAR (46,2%), com maior freqüência de aux/téc. de enfermagem, enquanto que em EXCELENTE (16,7%) e BOM (34,6%), houve predomínio da categoria de médico. Isso mostra que, nesse item, os médicos obtiveram melhores notas do que as outras categorias (p=0,001).
Na lavagem das mãos, 76% dos profissionais obtiveram EXCELENTE (76,0%), com predomínio dos fisioterapeutas (100,0%) e enfermeiros (100%). No RUIM, houve predominância dos aux/téc. de enfermagem, seguidos de médico. Esses resultados mostram que os fisioterapeutas e enfermeiros obtiveram melhores notas do que os aux/téc. de enfermagem e médicos (p=0,001).
No que se refere à vigilância, o conceito EXCELENTE predominou com 43,3%, na categoria de médico, seguido de REGULAR (39,3%), na categoria de aux/téc de enfermagem. No conceito RUIM (12,5%), predominou a categoria de aux/téc. de enfermagem. Esses resultados mostram que houve associação estatisticamente significante (p=0,039).
Na prevenção de aspiração associada à intubação endotraqueal, houve predomínio na categoria de aux/téc. de enfermagem, tendo o conceito EXCELENTE uma freqüência de 45,2%, enquanto no RUIM as categorias de médico e aux/téc. de enfermagem predominaram (p=0,760).
Quanto a uso de luvas / avental / lavar as mãos, EXCELENTE obteve 51,9%, com predomínio nos médicos, seguido de BOM (33,7%), na categoria de aux/téc. de enfermagem. Essas duas categorias obtiveram melhores notas do que os fisioterapeutas e enfermeiros (p=0,019).
Em relação às aspirações respiratórias, o conceito EXCELENTE teve 54,8%, principalmente entre os médicos e aux/téc de enfermagem. Também, no conceito RUIM (22,1%), o predomínio foi na categoria de médico. Dessa forma, não houve associação estatisticamente significante (p=0,281).
Referente à pressão do Cuff, EXCELENTE obteve 76,7%, predominando na categoria médico e aux/téc. de enfermagem, enquanto em RUIM (24,0%), o predomínio foi nas categorias de aux/téc. de enfermagem e enfermeiros. Isso demonstrou que não houve diferença entre as categorias profissionais (p=0,234).
No que se refere a modificar os fatores de risco do hospedeiro para infecção, o conceito EXCELENTE alcançou 37,5%, destacando-se a categoria de médico e, no BOM (37,5%), prevaleceu a categoria de aux/téc de enfermagem. Não houve, entretanto, associação estatisticamente significante (p = 0,311).
Na traqueostomia, predominou a categoria de aux/téc de enfermagem, com REGULAR (43,3%), seguido do conceito BOM (36,5%), entre os enfermeiros. Esse fato demonstrou que os aux/téc. de enfermagem obtiveram piores notas do que os outros profissionais nesta questão (p = 0,001).
Na descontaminação seletiva do trato digestivo, a maioria dos profissionais obtiveram RUIM (58,65%), com predomínio nas categorias de aux/téc. de enfermagem e médico. Entretanto, esses resultados não demonstraram uma existência de associação (p=0,314).
Em medidas gerais, o conceito de maior freqüência foi RUIM (47,11%), com predomínio nas categorias de médico e aux/téc. de enfermagem, seguido de REGULAR (27,9%), entre os aux/téc. de enfermagem. Esses percentuais não demonstraram diferença estatisticamente significante (p = 0,492).
Na Tabela 4, estão apresentadas as distribuições do número de profissionais segundo o conhecimento sobre tratamento e manutenção de equipamentos na prevenção da PAVM e categoria profissional.
INSERIR TABELA 4

Sobre a transmissão de microorganismos, o maior do número de profissionais obtiveram os conceitos BOM (33,65%) e EXCELENTE (31,73%), predominando ambos nas categorias de médico, seguido de aux/téc. de enfermagem. Em RUIM (12,5%), houve predomínio na categoria de aux/téc. de enfermagem. Observou-se que os médicos estão mais orientados a respeito do assunto do que os outros profissionais (p = 0,001).
Quanto à fonte de bactérias contaminadas em terapia intensiva, o conceito REGULAR teve grande maioria (68,30%), havendo predomínio na categoria de aux/téc. de enfermagem, significando dizer que essa categoria apresentou menos conhecimento do assunto em questão do que outros profissionais (p=0,012).
Em relação ao armazenamento de umidificadores, o conceito RUIM foi alcançado por 60,6% dos profissionais, com predomínio nas categorias de médico e aux/téc. de enfermagem, enquanto em EXCELENTE predominou a categoria de enfermeiros (p=0,001).
No que se refere à destruição completa de microorganismos, 72,1% dos profissionais obtiveram EXCELENTE, com predomínio nas categorias de enfermeiro e fisioterapeuta com quase 100,0% dos profissionais. No RUIM (27,9%), houve predomínio das categorias de téc/aux. de enfermagem e médico. Dessa forma, fisioterapeutas e enfermeiros revelaram mais conhecimento que téc/aux. de enfermagem e médicos (p=0,016).
Sobre a prevenção de microorganismos no ventilador mecânico, os conceitos RUIM (39,4%) e REGULAR (35,6%) alcançaram as maiores porcentagens, com predomínio de ambos os conceitos nas categorias de médico e aux/téc. de enfermagem, significando dizer que essas categorias obtiveram piores notas do que os outros profissionais (p=0,023).
Em relação aos equipamentos utilizados em terapia inalatória, EXCELENTE esteve presente em 37,5% dos profissionais, predominando nas categorias de médico e enfermeiro. No RUIM (32,70%), predominou a categoria de aux/téc. de enfermagem. Dessa forma, os enfermeiros e médicos obtiveram melhores notas do que os outros profissionais (p=0,001).
Quanto aos equipamentos para teste de função pulmonar, o conceito RUIM se destacou (73,10%), onde predominaram as categorias de médico e aux/téc. de enfermagem. Essas duas categorias obtiveram piores notas que os enfermeiros e fisioterapeutas (p=0,002).

Discussão
A PAVM é responsável pelo alto índice de morbimortalidade dos pacientes internados em UTIs8 e é um desafio para os que fazem intensivismo prevenir e controlar a doença.
Avaliar o conhecimento dos profissionais de saúde nas UTIs sobre prevenção de PAVM, não é tarefa fácil, devido a muitas variáveis que estão envolvidas no processo de entendimento e ensinamento. Porém, a constante busca do conhecimento para uma assistência com mais qualidade é de primordial importância.
No nosso estudo, inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico exaustivo sobre o assunto em questão, que foi analisado e sintetizado, com a finalidade de fazer uma interseção entre pensamentos de diferentes autores e o problema, objeto do estudo. Tivemos algumas limitações com a recusa de muitos profissionais em responder os questionários aplicados, onde de uma população de 338 profissionais de saúde nas UTIs dos dois hospitais, apenas 104 aceitaram participar do estudo. Alguns referiram a falta de tempo dentro das UTIs para sentar e responder as perguntas do questionário.
O questionário foi baseado no Guideline para prevenção e controle das infecções hospitalares14, que contempla as recomendações baseadas em evidências científicas nos trabalhos publicados mais recentes.
Observou-se neste estudo que é extremamente expressivo a quantidade de profissionais de saúde que estão atuando nas UTIs com total despreparo sobre a prevenção da PAVM. A taxa elevada nos piores conceitos em determinadas variáveis reforça a necessidade urgente de educação permanente neste tema.
Na análise deste estudo, houve uma distribuição estatisticamente proporcional na escala de conceitos para as variáveis: definição, epidemiologia, etiologia, diagnóstico, fatores de risco, prevenção, tratamento e manutenção de materiais e equipamentos para prevenção da PAVM, onde aproximadamente a metade dos profissionais está orientada e a outra metade está despreparada e/ou com nível baixíssimo de conhecimento sobre o assunto. Em todas essas variáveis houve associação, sendo que os aux/téc. de enfermagem obtiveram os piores conceitos, enquanto que os médicos e os fisioterapeutas obtiveram os melhores (p<0,02).
Das cinco variáveis de fatores de risco para PAVM, apenas em fatores adicionais para PAVM, obteve-se conceitos B/E (73,1%). De maneira geral, houve uma predominância dos piores conceitos nos dois hospitais. Entretanto, em fatores de risco para desenvolvimento para PAVM, 100,0% dos profissionais do HGCC obtiveram os piores conceitos. Observou-se, ainda, um predomínio na categoria de médicos e enfermeiros nos melhores conceitos em infecções mais freqüentes, aspiração associada à nutrição enteral e fatores adicionais para desenvolvimento da PAVM (p<0,004).
Com relação à prevenção de aspiração associada à intubação endotraqueal e na pressão do cuff, o HGCC obteve piores conceitos que o HGF; e em aspiração de secreção respiratória, o HGF obteve piores conceitos que o HGCC. Os profissionais de saúde de nível superior situaram-se nos melhores conceitos, em lavagem das mãos, vigilância e traqueotomia (p<0,004); sendo que os fisioterapeutas e enfermeiros responderam 100,0% na variável lavagem das mãos.
Quanto ao conhecimento sobre o tratamento e manutenção de materiais e equipamentos na prevenção da PAVM, observou-se elevada taxa de piores conceitos nos dois hospitais em quase todas as variáveis, sendo que o HGCC prevaleceu em alguns tópicos sobre o HGF. Quanto à categoria profissional, na maioria dos tópicos, os aux/téc. de enfermagem obtiveram os piores conceitos em relação aos outros profissionais; e enfermeiros tiveram os melhores conceitos (p<0,024), seguidos de fisioterapeutas (p<0,020).
Observou-se neste estudo que os profissionais de nível superior estão mais informados que os de nível médio, concluindo-se que esses últimos necessitam de bem mais atenção que os outros profissionais.
Um estudo de intervenção educacional foi realizado para fisioterapeutas respiratórios e enfermeiras de UTI enfatizando práticas corretas para a prevenção da PAVM, onde concluíram que a redução significativa na incidência da doença, pode está associada a implementação de um programa de educação direcionado para a PAVM23. A eficácia de programas de educação para redução de morbimortalidade são inquestionáveis.
Existem outros autores nacionais18,24 que tratam da educação em saúde no controle de infecção hospitalar em UTI, com questionários aplicados a enfermeiras, demonstram que, através da educação permanente a qualidade da assistência está garantida.
A conscientização, o compromisso e a educação permanente, são fatores fundamentais para que os profissionais de saúde das UTIs se envolvam e contribuam de maneira efetiva na prevenção de PAVM.

Conclusão
Diante dos resultados apresentados, concluímos que, de maneira geral, independentemente da categoria profissional, o conhecimento sobre a PAVM e fatores de risco a ela associada é apenas regular. Sugerimos e reforçamos, em um segundo momento, a elaboração de uma proposta educativa que norteie a atuação dos profissionais de saúde das UTIs e que contemple as estratégias necessárias para prevenção da PAVM, pois só através do conhecimento teórico e prático é que os profissionais tomarão consciência de seu papel na tomada de decisão e execução do plano de ações para redução e controle da doença.

Colaboradores
CMN Pombo trabalhou na concepção teórica, elaboração, redação, organização do texto e execução da pesquisa; PC Almeida participou como orientador desde a qualificação, delineamento, análise e interpretação dos dados da dissertação e artigo; JLN Rodrigues participou na co-orientação e revisão do artigo.

Agradecimentos
A todos os profissionais de saúde das UTIs do HGCC e HGF, que se dispuseram a responder os questionários que serviram como fonte de dados da pesquisa.


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Pombo,C.M.. Knowledge of the health professionals in the intensive therapy unity about the prevention of pneumonia associated to mechanic ventilation. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2008/Jul). [Citado em 08/12/2025]. Está disponível em: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/en/articles/knowledge-of-the-health-professionals-in-the-intensive-therapy-unity-about-the-prevention-of-pneumonia-associated-to-mechanic-ventilation/2506



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