0338/2025 - CONSTRUINDO A VIGILÂNCIA POPULAR: EXPERIÊNCIA DE MULHERES EM UMA COMUNIDADE SOCIOAMBIENTALMENTE VULNERÁVEL CONSTRUCTING POPULAR SURVEILLANCE: EXPERIENCE OF WOMEN IN A SOCIO-ENVIRONMENTALLY VULNERABLE COMMUNITY
Objetivou-se identificar as potencialidades e estratégias da construção de coletivos de promoção da vigilância popular e cuidado em saúde, através da elaboração de Mapa Social com os elementos que promovem e ameaçam a vida e saúde no território. Foi realizada pesquisa-ação, com mulheres residentes em bairro periférico na cidade de Fortaleza-CE, entre outubro de 2021 a setembro de 2022. As participantes identificaram a falta de segurança, emprego, saneamento básico, insuficiência de profissionais de saúde, informação, fiscalização ambiental, violência doméstica, lixo, pocilga (criação de animais de forma inadequada), abandono de animais, divisão de territórios (facções criminosas), moradias precárias e jovens envolvidos com drogas como elementos ameaçadores da vida e saúde na comunidade. Identificados como promotores de saúde e bem-estar no território: a unidade pública Cuca (centro urbano de arte e cultura), bem como igrejas, escolas, clínicas e outras instituições de atendimento à comunidade. O resultado da atividade não se resumiu apenas aos problemas especificados e a respostas institucionais positivas, mas uma disposição entre as mulheres de continuar enfrentando os problemas por meio do desenvolvimento de um plano de ação, resultando em um coletivo que têm acompanhado a implementação deste plano.
Palavras-chave:
Vigilância em Saúde Pública; Cuidado em Saúde; Participação da Comunidade
Abstract:
The paper reports efforts to build community partnerhips to promote participatory surveillance in a community documenting the strategies used. Members of the community and the Project team constructed a Social Map documenting the elements that promote or threaten health and wellness in the mapped territory. An action-research project was conducted with women living in a peripheral neighborhood of Fortaleza-CE, from October 2021 to September 2022. Community members participating identified the lack of security, employment, basic sanitation, health professionals in the health center, information about important health conditions, and the lack of environmental inspection as priorities. They also noted high levels of domestic violence, garbage, inadequate care of animals, including abandonment of pets and other animals, divisions within the community created by gangs, precarious housing and involvement of young people with drugs. Identified as promoters of health and wellness in the territory: the Cuca (Art and culture center), as well as churches, schools, clinics and other community-serving institutions. The outcome of the activity was not just the community-specified problems and positive institutional responses, but a resolve in the participants to continue confronting the problems through the development of an action plan and an action research group, effectively a collective of women who have been following up on the implementation of this plan.
Keywords:
Public Health Surveillance; Health Care; Community Participation
Conteúdo:
INTRODUÇÃO
A vigilância popular em saúde é um conceito contemporâneo, ainda em construção, que se disseminou a partir dos territórios e movimentos populares como reação de defesa da saúde e da vida frente à pandemia pela Covid 19¹,². A vigilância popular em saúde é baseada no protagonismo popular na construção da autonomia dos sujeitos para a defesa da saúde e da vida, contribuindo para a emancipação de grupos vulnerabilizados em seus territórios marcados pela pobreza, contaminação ambiental, violência, exclusão social e econômica, marginalizados pela condição social, cor da pele e gênero³,4. São grupos que na ausência ou insuficiência da vigilância em saúde como ação do Estado organizam coletivos gerando informação para a ação em defesa da saúde e da vida. A vigilância popular em saúde apresenta novas práticas coletivas e emancipatórias que não visam substituir as ações de vigilância em saúde realizadas pelo Estado, mas contribuir para uma vigilância mais participativa e dialógica, de forma a potencializar as ações do Sistema Único de Saúde (SUS).
A pandemia de COVID-19 trouxe impactos globais significativos nas esferas privada, social e econômica5, além dos desafios relacionados à saúde, questões sociais complexas foram evidenciadas, destacando disparidades entre grupos, incluindo mulheres, moradores de regiões marginalizadas e minorias étnicas. As mulheres pobres são as que enfrentam cotidianamente outras pandemias, como a violência doméstica e a violência de gênero. As mulheres negras são as mais afetadas e prejudicadas, pois, além da estigmatização racial, ainda enfrentam a violência policial e o genocídio dos seus filhos nos territórios vulneráveis6. Este contexto destacou a necessidade de abordagens não convencionais, como o fortalecimento de uma vigilância e educação popular da saúde, que valorize o saber popular e envolva ativamente a comunidade nas ações de prevenção de agravos e promoção da saúde.
A Vigilância Popular em Saúde tem avançado recentemente e tem tido a preocupação de empregar práticas de vigilância que privilegiam o protagonismo das comunidades e dos movimentos sociais. O envolvimento de diferentes graus de atuação do Estado, da academia e de especialistas pode resultar em aspectos bastante positivos, quando os mesmos, reconhecendo esses atores e saberes populares, se envolvam nos processos participativos de forma dialógica7. Ela se diferencia da vigilância de caráter mais institucional porque todo o processo de geração da informação para a ação pode se dar sob o controle popular. Esse enfoque, aplicado à COVID-19, buscou não apenas enfrentar os desafios da pandemia, mas também promover a emancipação dos indivíduos, valorizando o saber popular e, garantir acesso efetivo à saúde para as populações periféricas3.
Os resultados de uma revisão integrativa sobre concepções, experiências, métodos e técnicas existentes em vigilância popular da saúde, ambiente e trabalho no âmbito nacional e internacional sugerem que esse forte envolvimento das comunidades nos projetos de vigilância popular gerou maior consciência, conhecimento, capacidade de enfrentamento dos desafios, infraestrutura e influência a partir de uma parceria entre a comunidade, os serviços de saúde e as instituições de pesquisa2.
Esse estudo tem como um de seus referenciais epistemológicos um modo de fazer ciência mais participativo, que nega a relação sujeito-objeto de pesquisa e busca estabelecer uma relação sujeito-sujeito8 com mulheres de um território de Fortaleza-Ceará de alta vulnerabilidade social. Pretende-se identificar as potencialidades e estratégias da construção de coletivos de promoção da vigilância popular e cuidado em saúde, através da elaboração de Mapa Social com os elementos que promovem e ameaçam a vida e saúde no território.
MÉTODO: Processo Participativo de Pesquisa
Foi realizada uma pesquisa-ação, que pressupõe explícita interação entre pesquisadores e pessoas implicadas na situação investigada visando a discussão e a priorização dos problemas a serem pesquisados e as soluções possíveis de serem encaminhadas sob forma de uma ação concreta9.
Os parâmetros para a seleção das participantes foram baseados nas necessidades vivenciadas pelas mulheres no cotidiano da comunidade e da unidade de saúde, obedecendo os critérios de pertencer ao território de abrangência do serviço de saúde, ser atendida nos serviços ofertados e aceitar participar da pesquisa. Após a concordância, foi criado um grupo no WhatsApp para contato e comunicação sobre os encontros para a realização das atividades e oficinas. Essa articulação foi facilitada pela primeira autora que é Agente Comunitária de Saúde na unidade e tem familiaridade com o território e com as participantes. As participantes do estudo são consideradas pesquisadoras populares, pois são as protagonistas dessa experiência, a qual também fez parte de um projeto de pesquisa nacional do Participatório em Saúde e Ecologia de Saberes da Fiocruz Ceará.
A pesquisa foi desenvolvida na Barra do Ceará, bairro periférico situado na cidade de Fortaleza-CE, no período de outubro de 2021 a setembro de 2022. A Barra do Ceará é o segundo bairro mais populoso da cidade, possui grande densidade demográfica, contando com uma população de 72.423 pessoas residentes e tem um dos mais baixos Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da capital cearense10. É um cenário de muitas contradições, considerando que apesar, de ser situado próximo a áreas turísticas da cidade e de grande interesse imobiliário, tem uma realidade marcada pela violência. É um território com moradias precárias, sem saneamento básico, iniquidades e enraizamento da pobreza.
Utilizou-se a técnica da cartografia social11 para a elaboração do mapa social com base na seguinte questão orientadora: o que promove e ameaça a vida e a saúde no território. Para tanto, foram realizadas nove oficinas que possibilitaram a troca de saberes e vivências das mulheres sobre o território e comunidade onde vivem, com a seguinte estruturação:
1ª Oficina - apresentação do projeto e seus objetivos, formação do grupo e identificação do perfil sociodemográfico das participantes;
2ª Oficina - discussão acerca da questão norteadora: “o que promove e ameaça a vida e a saúde no território”;
3ª e 4ª Oficina - identificação dos elementos ameaçadores e promotores de saúde na comunidade;
5ª e 6ª Oficina - análise dos elementos ameaçadores e promotores de vida e saúde na comunidade;
7ª Oficina - elaboração do Mapa social;
8ª e 9ª Oficina - elaboração do Plano de Ação.
As oficinas serviram como dispositivos para estabelecer diálogos acerca dos temas relevantes e significativos, capazes de compreender as relações entre as práticas de violência, discriminação e acesso a saúde. A partir da discussão e priorização das questões que promovem e ameaçam a vida e a saúde no território, foi elaborado um plano de ação para enfrentamento das ameaças com os seguintes elementos: ação, objetivo da ação, meta da ação, critérios de avaliação, período de realização, responsáveis, estratégias/metodologia.
No início de cada oficina era feita uma vivência de acolhimento às participantes e, as atividades realizadas foram registradas por meio de fotografias e lista de presença. Além disso, foram utilizadas cartolinas para a elaboração do mapa social. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica da análise de conteúdo categorial, que facilita a identificação e análise das categorias eleitas pelo estudo12. Considerando que a pesquisa foi realizada no período de pandemia, foram adotadas como medidas de segurança o uso de máscaras e o distanciamento entre as participantes.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Fiocruz Brasília e da Universidade Federal do Ceará (UFC), parecer nº 53887421.00000.8027 e nº 4.617.433, respectivamente. Foram respeitados os princípios éticos de pesquisa com seres humanos, em conformidade com a Resolução n° 466/2012, Resolução n° 510/2016 e com a Lei n° 11.794/2008. Todas as mulheres receberam e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), onde constavam todas as informações sobre os objetivos, procedimentos e dados dos pesquisadores principais da pesquisa, sendo informado que estas poderiam desistir a qualquer momento da participação.
RESULTADOS
O grupo de pesquisa-ação foi constituído por 15 mulheres, com idade entre 25 a 60 anos, sendo predominante a faixa etária de 40 a 58 anos. A maioria das mulheres se autodeclaram pardas (62,5%), 31,5% não concluiu o ensino fundamental e, 93,0% trabalham informalmente, sendo cuidadoras do lar, costureiras ou vendedoras de cosméticos.
Os resultados demonstram a complexidade dos desafios enfrentados pelas mulheres da comunidade, em um contexto marcado pela violência estrutural e pelas dificuldades de acesso aos direitos em saúde. A presença simultânea de uma unidade de saúde como fator promotor e limitador de saúde reflete a ambiguidade que pode haver nas políticas públicas que, embora existam, muitas vezes não são adequadas às necessidades reais da população. Ademais, a análise dos encontros realizados revelou a importância de criar espaços sensíveis à escuta, superando as barreiras técnicas do modelo biomédico burocrático. Foi necessário considerar as dinâmicas de trabalho e cuidado das mulheres, ajustando horários e duração dos encontros para garantir sua participação efetiva.
As oficinas evidenciaram o poder transformador da união entre as mulheres e pesquisadores em prol de melhorias na saúde da comunidade. Importante considerar que a primeira autora é, além de pesquisadora, uma atriz comunitária, ao passo que também compõe aquele território, o que facilitou o diálogo com as outras mulheres, como também forjou a possibilidade que estas percebessem ativamente o lugar da pesquisa-ação como uma oportunidade concreta de facilitar processos de mudanças no contexto social vivido. A priori, houve um certo estranhamento por parte das mulheres ao ocuparem um espaço mais ativo na pesquisa, mas, com o tempo, elas compreenderam a importância de construir de forma colaborativa em consonância com os marcos teóricos e metodológicos desse estudo.
Desta forma, a construção do conhecimento deu-se de forma conjunta, buscando utilizar linguagens que dialogassem mais com o contexto vivido. Assim, o lugar identitário das pesquisadoras populares foi uma construção coletiva que foi se estabelecendo ao longo dos encontros. As estratégias de pesquisa adotadas buscaram conexão com as realidades vividas por aquelas mulheres, sendo mediadores da leitura que estas faziam de seu contexto. Nesse sentido, o mapa social emerge como possibilidade para a construção de um saber coparticipativo em busca de transformação para a realidade vivenciada no território, favorecendo um processo de luta, participação popular e controle social. O mapa foi elaborado a partir das oficinas com estas mulheres e, foi guiado pelos elementos que promovem e ameaçam a vida e saúde no território (Figura 1).
Figura 1
Neste sentido, construiu-se junto com as mulheres uma prática educativa crítica, democrática, participativa e popular, constituindo uma forma de intervenção na comunidade, em defesa do princípio democrático que rejeita qualquer forma de discriminação, dominação e, incorpora uma atitude de inovação possibilitando a transformação para o bem viver da população na comunidade. Para além disso, a partir dos diálogos e observações, foram identificadas formas de resistência e recriação da vida, em meio às violações sofridas. Surgiram, então, elementos promotores de vida e saúde, conforme listado no Quadro 1.
Quadro 1
A percepção das participantes sobre os elementos que ameaçam e promovem a vida e a saúde é bastante reveladora. O posto de saúde, por exemplo, aparece em ambas as categorias: promove saúde por facilitar o acesso, mas a falta de profissionais compromete sua atuação efetiva. Além disso, fatores como saneamento básico e habitação adequada foram amplamente apontados, destacando a necessidade de investimentos em infraestrutura. Os elementos promotores, por sua vez, são em sua maioria serviços públicos, o que ressalta a importância de políticas públicas para o bem-estar social. A precariedade de habitação e saneamento básico, identificada como fatores ameaçadores, evidencia a necessidade de ações governamentais que integrem saúde e infraestrutura urbana, visando à equidade no acesso aos direitos básicos.
Após essa reflexão, o grupo identificou elementos passíveis de intervenção por meio de organização popular, levando à elaboração de um plano de ação que buscou reforçar a importância da participação comunitária para a melhoria da qualidade de vida, conforme a perspectiva emancipatória de Paulo Freire, chamada de "inédito viável"13. Para tanto, o plano de ação (Quadro 2) foi estruturado com base nas categorias de Thiollent11, as quais foram sistematizadas por Pessoa14, tendo os elementos sido agrupados por aproximação temática, considerando que a resolução de um determinado elemento de ameaça pode, em tese, resolver outro a ele relacionado.
Quadro 2
De tal forma, o plano de atuação foi pensado a partir do que foi considerado mais factível de ser realizado. A partir dos encontros de pesquisa, as mulheres, pesquisadoras populares, perceberam a necessidade de se organizarem enquanto coletivo. E neste sentido, nasce da pesquisa o agora denominado Coletivo de Mulheres da Barra do Ceará, que até março de 2025 se encontrava em plena atividade, provendo atividades diversas no bairro, participando de reivindicações junto aos poderes públicos estadual e municipal, entre outras atividades. E como pode ser visto no plano, estas são proponentes do plano, assim, ativas na resolução das problemáticas que foram identificadas coletivamente. Destaca-se que, mesmo findada a pesquisa, o grupo de pesquisa-ação continuou seu trabalho para implementação do plano de ação e outras atividades comuns. Este grupo segue reunindo-se quinzenalmente e, buscando ao mesmo passo que compreender e acessar informações sobre os direitos e cidadania, ocupar espaços reivindicatórios que possibilitem a vivência da militância em saúde. Ademais, fortalecer as possibilidades concretas de mudanças de práticas e acesso e garantia de direitos no território de atuação em diálogo com outros atores e atrizes. As pesquisadoras populares são as protagonistas dessa experiência, que fez parte de um projeto de pesquisa nacional do Participatório em Saúde e Ecologia de Saberes da Fiocruz Ceará. Um dos resultados desse projeto foi a elaboração de um Guia de Vigilância Popular em Saúde, no qual as mesmas também são autoras2.
DISCUSSÃO
A desigualdade social e as negligências enfrentadas pela classe trabalhadora frequentemente impedem o acesso à informação necessária para a conscientização e tomada de decisão no processo de autonomia do cuidado. O modelo biomédico neoliberal, ofertado em diversos níveis, não atende às demandas da população, desencadeando uma crise histórica na condução das práticas de cuidado nos serviços de saúde15. As práticas embasadas neste modelo favorecem relações de poder desiguais, nas quais os usuários assumem uma postura passiva em relação às intervenções, o que compromete sua participação ativa nas decisões sobre os processos saúde-doença que os afetam diretamente16.
A vigilância popular em saúde é uma estratégia que favorece que as comunidades participem ativamente no diagnóstico, análise e na construção de soluções de seus problemas de saúde3, por meio da produção de informação para a ação. Ao adotar essa abordagem, é possível que estas mulheres se percebam como agentes ativos na promoção de seu próprio bem-estar, rompendo com a lógica do modelo hegemônico biomédico17. Em territórios com altos índices de violência e desigualdade, como a Barra do Ceará, a vigilância popular pode oferecer um espaço ativo para as vozes marginalizadas articularem suas necessidades e reivindicarem políticas públicas mais alinhadas às suas realidades que pode se potencializar pela produção de um saber compartilhado entre SUS, comunidade e academia. Esse processo favorece a solidariedade e reforça o papel da organização social, como exemplificado pelo Coletivo de Mulheres da Barra do Ceará, que nasce a partir desta pesquisa.
A continuidade das atividades do Coletivo de Mulheres da Barra do Ceará, mesmo após o término formal da pesquisa, é um indicativo de que a pesquisa-ação conseguiu fortalecer a organização comunitária. Isso se alinha à concepção de Thiollent11, segundo a qual a pesquisa-ação deve resultar em algum tipo de ação planejada e deliberada pelos participantes. As mulheres da comunidade passaram a ocupar espaços reivindicatórios, a exemplo do coletivo "Lindofas" que reúne mulheres da comunidade participantes e não-participantes da pesquisa, que se inseriram no grupo para fortalecer a autonomia, a visibilização e o enfrentamento dos processos de violências vividos. Além disso, o grupo também participou de eventos promovidos pela Fiocruz e outras instituições formativas em saúde, fomentando debates sobre a participação popular em saúde e a atuação da mulher no fortalecimento de estratégias territoriais em saúde. Merece destaque uma das iniciativas de implantação do plano de ação da pesquisa, em relação ao tema da violência contra a mulher, a visita da Casa da Mulher Brasileira, que se caracteriza como equipamento público da rede de proteção social. Nesse espaço, o grupo obteve orientações relacionadas às políticas públicas de proteção dos direitos das mulheres.
A organização social de mulheres desempenha um papel crucial na defesa dos direitos à saúde e à vida em contextos de desigualdade e violência18. Ao se mobilizarem, essas mulheres não apenas fortalecem-se mutuamente, mas também, desenvolvem uma capacidade crítica de agir sobre as condições que perpetuam as dificuldades de acesso a saúde e a garantia de direitos sociais16,19. O Coletivo de Mulheres da Barra do Ceará exemplifica como a união e a ação coletiva, podem enfrentar as barreiras de acesso a serviços essenciais e desafiar as dinâmicas de poder que historicamente excluem as mulheres dos espaços de decisão19. Essa mobilização gera uma conscientização que transcende a esfera individual, criando um movimento que fortalece toda a comunidade19.
As metodologias participativas, como a pesquisa-ação, são exemplos de possibilidades de materialização de uma vigilância participativa e dialógica. O processo da cartografia social permitiu a produção de um saber compartilhado de experiências, mostrou a potência de existência e resistência de quem vive em um território com inúmeras vulnerabilidades13, como observado em outros países2. A vida que pulsa e vale a pena ser vivida emergiu como guia na construção co-participativa. A cartografia é um processo de produção do conhecimento que não está dado a priori, mas acontece no encontro com outros corpos, reconhecendo todos como produtores intensivos do conhecimento20.
A cartografia social, utilizada como método de problematização e diagnóstico situacional, mostrou-se uma ferramenta eficaz para visualizar as desigualdades sociais e ambientais16. Este processo colaborativo reforçou o senso de pertencimento ao território e promoveu maior adesão das participantes às práticas coletivas. A inclusão ativa das mulheres nos processos de construção das ações de saúde reafirma o potencial da vigilância popular, na qual as próprias comunidades se tornam protagonistas na identificação e resolução de seus problemas3.
A cartografia possibilitou a construção do mapa social que operacionalizou os elementos ameaçadores e promotores da saúde do território, o que foi uma estratégia potente de tornar as questões analisadas mais concretas e próximas da realidade vivida. Além de reafirmar a relação de pertencimento a um território, desperta nas comunidades o interesse pela solução de seus problemas21, uma vez que, a partir disso, sensibiliza para o reconhecimento do território como seu e de como este tem sido ocupado, seus atravessamentos, potencialidades e desafios de pertencer ao espaço19. O senso de pertencimento favorece a adesão às práticas coletivas de participação e cooperação para o bem comum social16.
Para tanto, no processo de problematização, aos moldes de Freire22, o essencial é a participação dos sujeitos implicados com as temáticas que os afetam na construção de ações com vistas a transformar sua realidade. Desse modo, a pesquisadora desempenha um papel de facilitadora dos diálogos propostos, sendo o coletivo formado o protagonista das ações. É a organização compartilhada deste grupo e seu envolvimento que torna possível a execução do plano de ação.
Contudo, pode-se constatar um consenso entre os relatos das mulheres sobre a falta de segurança e a violência que assolam o território, as interlocutoras da pesquisa enxergam a situação como um elemento de ameaça constante, na qual existe a ausência tanto do Estado quanto uma disputa do poder paralelo em que a população tem poucas chances de transformação na conjuntura do território. Sofrem com as consequências perversas dos efeitos das estruturas de desigualdades sociais e econômicas reveladas pela marginalização e pela exclusão social da população do território, que refletem no processo saúde-doença. As próprias participantes revelam algumas problemáticas que poderiam explicar por que, sobretudo, as mulheres periféricas do Brasil, enfrentam além das condições financeiras precárias, desemprego, o estigma e a humilhação por habitarem territórios estigmatizados, e ainda se somam a esse contexto a violência doméstica, mulheres que não são ouvidas ou protegidas, tendo sua condição já precária maximizada, por estarem constantemente expostas às agressões físicas e, por vezes, até correndo risco de morte.
O Estado tanto pode ser garantidor de proteção e direitos como pode instaurar e reproduzir violências e, por vezes, suas ações não dialogam com as reais necessidades dessas populações. Essa questão repercute no ser mulher e viver em territórios vulnerabilizados, amplia estigmas que são socialmente compartilhados - é a transversalidade de gênero reforçando outras exclusões. São formulações socialmente produzidas a partir de uma visão geral que se tem das mulheres e, do que seria “o melhor” para elas20.
Ademais, a epidemiologia tem permitido considerar que na realidade de Fortaleza, a violência não ocorre de forma homogênea, mas especialmente em espaços e regiões onde estão presentes outras doenças de determinação social23. Nesse sentido, trabalhar na perspectiva de garantia de direitos sociais configura um desafio para profissionais e redes de atenção à saúde na promoção do cuidado. Os achados desta pesquisa nos possibilitam pensar estratégias na construção conjunta em busca de soluções. Especialmente, considerando os contextos periféricos e o protagonismo de mulheres nesta construção.
Para tanto, a pesquisa-ação mostra-se como estratégia importante para favorecer processos emancipatórios9. Especialmente, considerando os desafios de lidar com a violência estrutural e as dinâmicas de gênero que permeiam o cotidiano das comunidades periféricas. A violência, enquanto produto de desigualdades sistêmicas, afeta diretamente o bem-estar físico e psicológico das mulheres, e pode restringir o acesso destas a espaços de participação social e poder24. Desta forma, é importante que a ação da pesquisa esteja alinhada com a emancipação social que fomente de forma ativa a análise das problemáticas e a construção de soluções coletivas que desafiem as estruturas opressivas20. Esta pesquisa, que tem como um dos produtos a mobilização social do Coletivo de Mulheres da Barra do Ceará, demonstra a relevância de ações que visem ao empoderamento das mulheres como um meio de transformar suas realidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta travessia, a pesquisa propôs um arcabouço metodológico para a construção do saber compartilhado, articulando contribuições dialógicas com a população. Para isso, a proposta ancorou-se na pesquisa-ação com a técnica de cartografia social, tomando a cartografia como estratégia para a aproximação e criação de vínculo com o grupo de pesquisa, forjando estratégias de participação mais efetivas das mulheres, que refletem sobre as problemáticas e constrói dialogicamente formas de enfrentamento a estas.
Experienciar as possibilidades de construir uma vigilância popular em saúde com o compartilhamento de singularidades foi possível pelas afetações do grupo, a partir da parceria firmada entre academia, serviço de saúde e comunidade, resultando na conscientização acerca dos processos de vida e saúde no território. O trajeto iniciou-se, não com a pretensão de disponibilizar receitas, mas inspirações teóricas e metodológicas para uma ação mais participativa e efetiva na defesa da saúde e da vida das populações que habitam espaços vulnerabilizados.
Pôde-se constatar que a violência estrutural afeta o direito à saúde da população do território, assim como o agravamento das desigualdades e, consequentemente, a exclusão social. Nesse sentido, julgamos que o enfrentamento desse problema exige grande investimento por parte do Estado e dos gestores do SUS. Assim, devem-se implementar ações articuladas, tanto no âmbito do macro, quanto do micro das políticas públicas de segurança e de saúde, produzindo ações orientadas pelas necessidades das populações.
Com a experiência, percebeu-se que a humanização do cuidado passa pela radicalidade democrática do partilhar, pois não se cuida efetivamente de indivíduos se não cuidarmos de populações. O vínculo é visto como fator importante para a atenção à saúde, contribuindo no conhecimento dos reais problemas da população, além de facilitar o relacionamento dos usuários com os profissionais de saúde.
A pesquisa mostrou que a vigilância popular pode contribuir para a produção social da saúde. Retornar ao território é dar visibilidade e voz à periferia por seu potencial de inovação na transformação de realidades, é incorporar novos paradigmas às estruturas de poder técnico-assistenciais, é aprender a agir com o diferente, articular grupos e comunidades para cuidar de pessoas. Nesse sentido, realizar pesquisa-ação em territórios vulneráveis exige uma práxis que garanta um processo dialógico com embasamento na problematização, fortalecendo a relação com os sujeitos, contribuindo para a efetivação do direito à saúde, a participação comunitária e social para a constituição de novas práticas de saúde.
Por fim, entende-se que este trabalho pode contribuir para a construção de metodologias participativas para a vigilância e/ou cuidado em saúde. Mostrou-se a necessidade de pensar ações sistêmicas e integradas entre os serviços de saúde e a população, o envolvimento dos sujeitos engajados potencializou a organização popular como fator de proteção à saúde, evidenciando o território como espaço de análise e intervenção. Evidencia-se o enfoque participativo como estratégia para a melhoria da qualidade de vida da população sob uma perspectiva crítica e emancipatória, base para uma vigilância popular em saúde na defesa da vida.
REFERÊNCIAS
1. Meneses MN, Quadros JD, Marques GP, Nora CRD, Carneiro FF, Rocha CMF. Práticas de vigilância popular em saúde no Brasil: revisão de escopo. Cien Saude Colet 2023; 28(9):2553–64.
2. Silva LRC, Diógenes SS, Menezes MN, Arjona FB, Arruda CAM, Teixeira ACA, Pessoa VM, Carneiro FF. Vigilância popular da saúde, ambiente e trabalho (VPSAT): uma revisão integrativa da literatura. Cien Saude Colet 2023; 28(9):2565–2582.
3. Carneiro FF, Pessoa VM. Iniciativas de organização comunitária e Covid-19: esboços para uma vigilância popular da saúde e do ambiente. Trab Educ Saude 2020; 18(3):e00261117.
4. Trindade AAM, Pena PGL, Lima MAG, Freitas MCS, Araújo KL. Vigilância popular da saúde nas comunidades pesqueiras tradicionais e ecologia dos saberes no enfrentamento à COVID-19. Cien Saude Coletiva 2021; 26(12):6017–26.
5. Organização Mundial da Saúde (OMS). Declara emergência de saúde pública de importância internacional por surto de novo coronavírus. Genebra: OMS; 2020.
6. Antunes R. Coronavírus: o trabalho sob fogo cruzado. São Paulo: Boitempo, 2020.
7. Machado JMH, Pivetta F, Silva JDF, Bonetti OP. Vigilância popular em saúde em tempos de pandemia: proposta de um caminho. In: Santos AO, organizador. Covid-19 no Brasil: cenários epidemiológicos e vigilância em saúde [Internet]. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2021. p. 397–411. Disponível em: https://books.scielo.org/id/mvnpj.
8. Santos BSS. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 3. ed. São Paulo: Cortez; 2010.
9. Thiollent M. Metodologia da pesquisa-ação. 18.ed. São Paulo: Cortez, 2011.
10. Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR). Fortaleza 2040. Fortaleza; 2017 [citado 2021 jun 7]. Disponível em: https://fortaleza2040.fortaleza.ce.gov.br
11. Gorayeb A, Andrade AJ, Silva EV. Cartografia social e cidadania. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2015.
12. Bardin L. Análise de conteúdo. 5ª ed. Lisboa: Edições 70, 2011.
13. Paro CA, Ventura M, Silva NEK. Paulo Freire e o inédito viável: esperança, utopia e transformação na saúde. Trab Educ Saude 2020; 18(1):e0022757.
14. Pessoa VM. Abordagem do território na construção da integralidade em saúde ambiental e do trabalhador na atenção primária à saúde em Quixeré-Ceará. Fortaleza. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal do Ceará; 2010
15. Arjona FBS. Vigilância popular em saúde : uma prática espacial para emancipação humana. Rio de Janeiro. Tese (Douutorado em Geografia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 2021.
16. Barbosa VNM, Sousa RS, Monte LRS, Moura Jr, JF. A construção do fórum de saúde e comunidade no contexto da estratégia em saúde da família como catalisadora de participação social. Sarriera, J. C., et. al. [Orgs.]. Bem-estar e saúde comunitária: teoria, metodologia e práticas transformadoras. Curitiba: Appris, 2020, p.147-164.
17. Alves PA. Vigilância popular da saúde: cartografia dos riscos e vulnerabilidades socioambientais no contexto de implantação da mineração de urânio e fosfato no Ceará. Fortaleza. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Universidade Federal do Ceará; 2013.
18. Costa AM. Participação social na conquista das políticas de saúde para mulheres no Brasil. Cien Saude Colet 2009; 14(4):1073-1083.
19. Góis CWL. Saúde comunitária: pensar e fazer. São Paulo: Aderaldo & Rothschild Editores, 2008.
20. Rios AG, Seixas CT, Cruz KT, Slomp Júnior H, Merhy EE, Santiago SM. A produção do comum como estratégia de cuidado para usuários complexos: uma cartografia com mulheres em situação de rua. Cien Saude Colet 2021; 26(08):3077-3086.
21. Soliz F, Maldonado A. Guía de metodologías comunitarias participativas. Quito: Clínica Ambiental, 2012.
22. Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43 Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
23. Benício LFS. Homicídios de jovens na cidade de Fortaleza: práticas institucionais no cotidiano da estratégia saúde da família. Fortaleza. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade Federal do Ceará; 2018.
24. Bandeira L, Almeida TMC. Desafios das políticas e ações em saúde diante da violência contra as mulheres. Ser Social 2008; 10(22):183-212.
Outros idiomas:
CONSTRUCTING POPULAR SURVEILLANCE: EXPERIENCE OF WOMEN IN A SOCIO-ENVIRONMENTALLY VULNERABLE COMMUNITY
Resumo (abstract):
The paper reports efforts to build community partnerhips to promote participatory surveillance in a community documenting the strategies used. Members of the community and the Project team constructed a Social Map documenting the elements that promote or threaten health and wellness in the mapped territory. An action-research project was conducted with women living in a peripheral neighborhood of Fortaleza-CE, from October 2021 to September 2022. Community members participating identified the lack of security, employment, basic sanitation, health professionals in the health center, information about important health conditions, and the lack of environmental inspection as priorities. They also noted high levels of domestic violence, garbage, inadequate care of animals, including abandonment of pets and other animals, divisions within the community created by gangs, precarious housing and involvement of young people with drugs. Identified as promoters of health and wellness in the territory: the Cuca (Art and culture center), as well as churches, schools, clinics and other community-serving institutions. The outcome of the activity was not just the community-specified problems and positive institutional responses, but a resolve in the participants to continue confronting the problems through the development of an action plan and an action research group, effectively a collective of women who have been following up on the implementation of this plan.
Palavras-chave (keywords):
Public Health Surveillance; Health Care; Community Participation
CONSTRUINDO A VIGILÂNCIA POPULAR: EXPERIÊNCIA DE MULHERES EM UMA COMUNIDADE SOCIOAMBIENTALMENTE VULNERÁVEL
CONSTRUCTING PUBLIC SURVEILLANCE: EXPERIENCE OF WOMEN IN A SOCIO-ENVIRONMENTALLY VULNERABLE COMMUNITY
CONSTRUYENDO UNA VIGILANCIA POPULAR: LA EXPERIENCIA DE LAS MUJERES EN UNA COMUNIDAD SOCIOAMBIENTALMENTE VULNERABLE
RESUMO
Objetivou-se identificar as potencialidades e estratégias da construção de coletivos de promoção da vigilância popular e cuidado em saúde, através da elaboração de Mapa Social com os elementos que promovem e ameaçam a vida e saúde no território. Foi realizada pesquisa-ação, com mulheres residentes em bairro periférico na cidade de Fortaleza-CE, entre outubro de 2021 a setembro de 2022. As participantes identificaram a falta de segurança, emprego, saneamento básico, insuficiência de profissionais de saúde, informação, fiscalização ambiental, violência doméstica, lixo, pocilga (criação de animais de forma inadequada), abandono de animais, divisão de territórios (facções criminosas), moradias precárias e jovens envolvidos com drogas como elementos ameaçadores da vida e saúde na comunidade. Identificados como promotores de saúde e bem-estar no território: a unidade pública Cuca (centro urbano de arte e cultura), bem como igrejas, escolas, clínicas e outras instituições de atendimento à comunidade. O resultado da atividade não se resumiu apenas aos problemas especificados e a respostas institucionais positivas, mas uma disposição entre as mulheres de continuar enfrentando os problemas por meio do desenvolvimento de um plano de ação, resultando em um coletivo que têm acompanhado a implementação deste plano.
Palavras-chave: Vigilância em Saúde Pública; Cuidado em Saúde; Participação da Comunidade
ABSTRACT
The paper reports efforts to build community partnerships to promote participatory surveillance in a community documenting the strategies used. Members of the community and the Project team constructed a Social Map documenting the elements that generate threats to health and welfare in the area mapped. An action-research project was conducted with women living in a peripheral district of Fortaleza, Ceará State (CE), from October 2021 to September 2022. Community members participating identified a lack of security, employment, basic sanitation, health staff in the health center, information about important health conditions, and the lack of environmental inspection as priorities. They also noted high levels of domestic violence, lack of garbage collection, inadequate care of animals, including abandonment of pets and other animals, divisions within the community created by gangs, precarious housing and involvement of youths with drugs. The following were identified as promoters of health and welfare in the area: the Cuca (art and culture center), as well as churches, schools, clinics and other community-serving institutions. The outcome of the activity was not just the community-specified problems and positive institutional responses, but a resolve in the participants to continue confronting the problems through the development of an Action Plan and an action-research group, effectively a collective of women who have been following up on the implementation of this plan.
Keywords: Public Health Surveillance; Healthcare; Community Participation
RESUMEN
El objetivo fue identificar las potencialidades y estrategias para la construcción de colectivos para promover la vigilancia y el cuidado de la salud, a través de la creación de un Mapa Social con los elementos que promueven y amenazan la vida y la salud en el territorio. Se llevó a cabo una investigación-acción con mujeres residentes en un barrio periférico de la ciudad de Fortaleza-CE, entre octubre de 2021 y septiembre de 2022. Los participantes identificaron la falta de seguridad, empleo, saneamiento básico, insuficiencia de profesionales de la salud, información, inspección ambiental, violencia doméstica, basura, cría inadecuada de animales, incluyendo abandono de animales, competición entre facciones criminales, precariedad habitacional y juventud involucradas con las drogas como elementos amenazantes para la vida y la salud de la comunidad. Se identificaron como promotores de salud y bienestar en el territorio: la unidad pública Cuca (centro de arte y cultura urbana), así como iglesias, escuelas, clínicas y otras instituciones al servicio de la comunidad. El resultado de la actividad no se limitó solo a los problemas especificados y las respuestas institucionales positivas, sino una voluntad entre las mujeres de continuar enfrentando los problemas a través del desarrollo de un plan de acción, lo que resultó en un colectivo que ha seguido la implementación de este plan.
Palabras clave: Vigilancia de Salud Pública; Cuidado de la Salud; Participación Comunitaria
INTRODUCTION
Public health surveillance is a contemporary concept, still under construction, that has spread from territories with social movements as a reaction to defend health and life in the face of the Covid-19 pandemic¹,². This surveillance is based on popular protagonism in building the autonomy of individuals to defend health and life, contributing to the emancipation of vulnerable groups in their areas marked by poverty, environmental contamination, violence, social and economic exclusion, and marginalized by social status, skin color, and gender³,4. These are groups that, in the absence or insufficiency of health surveillance as a State action, organize collectives, generating information for action in defense of health and life. Public health surveillance presents new collective, emancipatory practices that do not aim to replace health surveillance actions carried out by the State, but rather to contribute to more participatory and dialogical surveillance, in order to enhance the actions of the Unified Health System (SUS).
The Covid-19 pandemic had significant global impacts on the private, social, and economic spheres5, besides health-related challenges, complex social issues highlighted disparities among groups, including women, residents of marginalized regions, and ethnic minorities. Poor women are the ones who face other pandemics on a daily basis, such as domestic and gender-based violence. Black women are the most affected and harmed, as, in addition to racial stigmatization, in vulnerable areas, they also face police violence and the genocide of their children6. This context has highlighted the need for unconventional approaches, such as strengthening public health surveillance and education, which value public knowledge and actively involve the community in disease prevention and health promotion action.
Public health Surveillance has advanced recently and been concerned with employing surveillance practices that prioritize the protagonism of communities and social movements. The involvement of different levels of government, academia and experts can yield very positive results when, recognizing these actors and popular knowledge, they engage in participatory processes in a dialogical manner7. This differs from more institutional surveillance because the entire process of generating information for action can take place under public control. This focus, applied to Covid-19, sought not only to address the challenges of the pandemic, but also to promote individual emancipation by valuing collective knowledge and ensuring effective access to healthcare for peripheral populations3.
The results of an integrative review of existing concepts, experiences, methods and techniques in public health, the environment, and work surveillance at national and international levels suggest that this strong community involvement in public surveillance projects has generated greater awareness, knowledge, capacity to address challenges, infrastructure, and influence through a partnership among the community, health services and research institutions2.
This study had as one of its epistemological references a more participatory approach to science, which rejects the subject-object relationship and seeks to establish a subject-subject8 relationship with women in a highly socially vulnerable area of Fortaleza, Ceará State. The intention was to identify the potential and strategies for building collectives to promote grassroots surveillance and healthcare by devising a Social Map displaying the elements that generate threats to life and health in the area.
METHOD: Participatory Research Process
Action-research was conducted, which presupposes explicit interaction between researchers and individuals involved in the situation under investigation, aiming to discuss and prioritize the problems to be researched, and the possible solutions that could be implemented in the form of concrete action9.
The parameters for selecting participants were based on the needs experienced by women in the daily life of the community and the local health center, meeting the criteria of belonging to the area covered by the health service, receiving care in the services provided, and consenting to participate in the research. Subsequently, a WhatsApp group was created for contact and communication about meetings for activities and workshops. This articulation was facilitated by the prime authoress, who is a Community Health Agent at the health center, familiar with the area and the participants. The study participants are considered grassroots researchers, as they are the protagonists of this experience, which was also part of a national research project, the Fiocruz Ceará Participatory Health and Ecology of Knowledge Program.
The research was conducted in Barra do Ceará, a peripheral district in the Ceará State capital, Fortaleza, from October 2021 to September 2022. With a population of 72,423 residents, Barra do Ceará is the second most populous district, has a high population density, and one of the lowest Human Development Indexes (HDI) in the city. It is a scenario with much incongruence, considering that, despite being located near the city\'s tourist areas and major real estate development, its reality is marked by violence. It is an area with precarious housing, a lack of basic sanitation, inequities, and entrenched poverty.
The social mapping technique11 was used to create a Social Map, based on the following guiding question: What generates the threats to life and health in the area? For this purpose, nine workshops were held to enable women to share their knowledge and experiences about the area and community where they live. These workshops were structured as follows:
1st Workshop - presentation of the project and its objectives, group formation, and identification of the participants\' sociodemographic profiles;
2nd Workshop - discussion of the guiding question: "What generates threats to life and health in the area";
3rd and 4th Workshops - identification of elements that threaten health in the community;
5th and 6th Workshops - analysis of the elements that threaten life and health in the community;
7th Workshop - devising the Social Map;
8th and 9th Workshops - devising the Action Plan.
The workshops served as tools for establishing dialogues on relevant and significant topics, capable of understanding the relationships between practices of violence, discrimination, and access to healthcare. Based on the discussion and prioritization of the issues that generate threats to life and health in the region, an Action Plan was devised to address these threats, including the following elements: action, action objective, action goal, assessment criteria, implementation period, parties responsible, and strategies/methodology.
At the beginning of each workshop, participants were welcomed, activities were documented through photographs, and attendance lists were maintained. Additionally, cardboard sheets were utilized to create the Social Map. The categorical content analysis technique was utilized for the data analysis, as it facilitated identification and analysis of the categories chosen by the study12. Considering that the research was conducted during the pandemic, the wearing of masks and social distancing among participants were adopted as safety measures.
The study was approved by the Research Ethics Committee (CEP) of Fiocruz Brasília and the Ceará Federal University (UFC), under protocol nos.: 53887421.00000.8027 and 4.617.433, respectively. The ethical principles of research involving human subjects were respected, in accordance with Resolution No. 466/2012, Resolution No. 510/2016, and Law No. 11.794/2008. All women received and signed the Informed Consent Form (ICF), which contained full information about the study\'s objectives, procedures, and data regarding the principal researchers. Also, they were informed that they could withdraw from participation at any time.
RESULTS
The action-research group consisted of 15 women, aged 25 to 60, with a predominance of those 40 to 58. Most women self-identified as brown (62.5%), 31.5% had not completed elementary school, and 93% worked informally as domestic servants, seamstresses or cosmetics saleswomen.
The results demonstrate the complexity of the challenges faced by these women in the community, in a context marked by structural violence and difficulties in accessing their rights to healthcare. The simultaneous presence of a health facility as both a health-promoting and health-limiting factor reflects the ambiguity that can exist in public policies, which, while existing, are often inadequate to meet the population\'s real needs. Furthermore, analysis of the meetings revealed the importance of creating spaces that are open to listening, overcoming the technical barriers of the bureaucratic biomedical model. It was necessary to consider the women\'s work and care dynamics, adjusting the times and duration of the meetings to ensure their effective participation.
The workshops revealed the transformative power of the unity between the women and the researchers to improve community health. It is important to consider that the prime authoress is not only a researcher but also a community activist in the area, thus facilitating dialogue with the other women, as well as fostering the possibility for them to actively perceive the role of action-research as a concrete opportunity to facilitate processes of change in their social context. Initially, the women felt somewhat uncomfortable about taking a more active role in the research, but, over time, they understood the importance of collaboratively developing knowledge in line with the theoretical and methodological frameworks of this study.
Thus, knowledge construction occurred jointly, seeking to use language that best resonated with the context experienced. Thus, the identity of the place of the grassroots researchers was a collective construction that gradually emerged throughout the meetings. The research strategies adopted sought to connect with the realities experienced by these women, mediating their interpretation of their context. In this sense, the Social Map emerged as a possibility for constructing co-participatory knowledge in search of transformation for the reality experienced in the area, fostering a process of struggle, collective participation and social control. Thus, the Map was devised based on workshops with these women, and was guided by the elements that cause threats to life and health in the area (Figure 1).
Figure 1
In this sense, a critical, democratic, participatory and grassroots educational practice was constructed jointly with the women, constituting a form of intervention in the community, defending the democratic principle that rejects any form of discrimination and domination, as well as incorporating an attitude of innovation, enabling transformation for the well-being of the community. Furthermore, from the dialogues and observations, forms of resistance and recreation of life were identified amid the violations suffered. Elements that promote life and health then emerged, as listed in Chart 1.
Chart 1
The participants\' perception of the elements that lead to threats to life and health is quite revealing. The health center, for example, appears in both categories: it promotes health by facilitating access, but the staff shortage compromises its effectiveness. Moreover, factors such as basic sanitation and adequate housing were widely cited, highlighting the need for infrastructure investment. The promoting elements, in turn, are mostly public services, which highlights the importance of public policies for social well-being. The precariousness of the housing and basic sanitation, identified as threatening factors, highlights the need for government action that would integrate health and urban infrastructure, thus aiming at equitable access to basic rights.
After this reflection, the group identified elements amenable to intervention through grassroots organization, leading to the development of an Action Plan that would seek to reinforce the importance of community participation in improving the quality of life, in accordance with Paulo Freire\'s emancipatory perspective called "inédito viável" (unprecedented viability). For this purpose, the Action Plan (Chart 2) was structured based on Thiollent\'s categories11, which were systematized by Pessoa14, the elements having been grouped by thematic proximity, considering that solving a specific threat element could, in theory, solve another related one.
Chart 2
Thus, the Action Plan was devised based on what was considered most feasible. Through the research meetings, the women along with the grassroots researchers realized the need to organize themselves as a collective. In this sense, the research gave rise to the newly-named Barra do Coletivo de Mulheres da Barra do Ceará [Barra do Ceará Women\'s Collective], which was fully active until March 2025, engaged in various activities in the district, participating in claims made by state and municipal authorities, among other activities. As can be seen in the Plan, these women were its proponents and thus they actively addressed the issues that had been identified collectively. It is noteworthy that, even after the research had ended, the action-research group continued work on the implementation of the Action Plan and other related activities. This group continues to meet biweekly and, while seeking to understand and access information about rights and citizenship, it occupies spaces for claims that enable experience of health activism. Furthermore, it strengthens concrete possibilities for changes in practices and access to, and guarantees of, rights in the area where the operation took place, in dialogue with other actors. The grassroots researchers were the protagonists of this experience, which, as mentioned, was part of a national research project, the Fiocruz Ceará Participatory Health and Ecology of Knowledge Program. One of the results of this project was the development of a Public Health Surveillance Guide, of which they are also authoresses.
DISCUSSION
Social inequality and neglect faced by the working class often impede access to the information necessary for awareness and decision-making in the process of autonomous care. The neoliberal biomedical model, offered at various levels, does not meet the demands of the population, triggering a historic crisis in the conduct of care practices in health services. Practices based on this model foster unequal power relations, in which users assume a passive stance toward interventions, compromising their active participation in decisions about the health-disease processes that directly affect them16.
Public health surveillance is a strategy that encourages communities to actively participate in the diagnosis, analysis and development of solutions to their health problems3 through the production of information for action. By adopting this approach, these women can see themselves as active agents in promoting their own well-being, breaking away from the logic of the hegemonic biomedical model17. In areas with high rates of violence and inequality, such as Barra do Ceará, public health surveillance can provide an active space for marginalized voices to articulate their needs and demand public policies more aligned with their realities, which can be strengthened by the production of shared knowledge among the Unified Health System (SUS), the community and academia. This process fosters solidarity and reinforces the role of social organization, as exemplified by the Barra do Ceará Women\'s Collective that emerged as a result of this research.
The continued activities of the Barra do Ceará Women\'s Collective, even after the formal completion of the research, is an indication that action-research has successfully strengthened this community’s organization. This aligns with Thiollent\'s11 concept, according to which action-research should result in some kind of planned, deliberate action by the participants. Women in the community have begun to occupy spaces of protest, such as the "Lindofas" collective, which brings together women from the community, both participants and non-participants in the research, who joined the group to strengthen their autonomy, visibility, and ability to confront the violence they experience. Furthermore, the group has also participated in events promoted by Fiocruz and other healthcare staff training institutions, fostering discussions on grassroots participation in health, and women\'s role in strengthening territorial health strategies. One of the initiatives to implement the research Action Plan regarding violence against women was a visit to Casa da Mulher Brasileira, a public facility within the social protection network. There the group received guidance on public policies aimed at protecting women\'s rights.
Women\'s social organizations play a crucial role in defending their rights to health and life in contexts of inequality and violence18. By mobilizing, these women not only strengthen each other, but also develop a critical capacity to address the conditions that perpetuate difficulties in accessing healthcare and guaranteeing their social rights. The Barra do Ceará Women\'s Collective exemplifies how unity and collective action can address barriers to accessing essential services, and challenges the power dynamics that have historically excluded women from decision-making. This mobilization generates awareness that transcends the individual sphere, creating a movement that strengthens the entire community19.
Participatory methodologies, such as action-research, are examples of possibilities for materializing participatory and dialogical surveillance. The process of social mapping allows production of shared knowledge based on experiences, demonstrating the power of existence and resistance of those living in an area with numerous vulnerabilities, as observed in other countries. A vibrant, worthwhile life can emerge as a guide for co-participatory development. Cartography is a knowledge production process that is not preordained, but rather occurs through encounters with other persons, recognizing everyone as intensive producers of knowledge20.
Social cartography, utilized as a method of problematization and situational diagnosis, has proven to be an effective tool for visualizing social and environmental inequalities16. This collaborative process reinforced the sense of belonging to the area in the research and promoted greater participation in collective practices. The active inclusion of women in the development of health actions reaffirms the potential of grassroots surveillance, in which communities themselves become protagonists in identifying and solving their problems3.
Cartography enabled the construction of a Social Map that operationalized the elements that cause threats to health in the area, a powerful strategy for making the issues analyzed more concrete and closer to the reality experienced. In addition to reaffirming the sense of belonging to an area, it awakens communities\' interest in solving their problems21, since, from this, it raises awareness of the area as their own and how it is occupied, its intersections, potentialities, and challenges of belonging to the particular space19. A sense of belonging fosters adherence to collective practices of participation and cooperation for the common social good16.
To this end, in the problematization process, following Freire\'s model22, the essential element is the participation of those involved in the issues that affect them in the development of actions aimed at transforming their reality. Thus, the researcher performs a facilitating role in the proposed dialogues, with the collective formed as the protagonist of the actions. It is the shared organization of this group and its involvement that makes the execution of the Action Plan possible.
However, a consensus can be observed among the women\'s accounts regarding the lack of security and violence that plague the area. The research participants see the situation as a constant threat, characterized by both the absence of the State and a parallel power struggle, giving the population little chance of transforming the territorial situation. They suffer the perverse consequences of the structures of social and economic inequality revealed by the marginalization and social exclusion of the area\'s population, which are reflected in the health-disease process. The participants themselves reveal some issues that could explain why, especially women from peripheral areas in Brazil, face not only precarious financial conditions, but also unemployment, stigma, and humiliation for living in stigmatized areas. Added to this context is domestic violence, where women are neither heard nor protected, their already precarious situation aggravated by constant exposure to physical aggression and, at times, even the risk of being killed.
The State can both guarantee protection and rights. However, it can also establish and reproduce violence, and sometimes its actions fail to address the real needs of these populations. This issue has repercussions for women’s lives in vulnerable areas, amplifying socially shared stigmas - the transversality of gender reinforcing other exclusions. These are socially produced formulations based on a general view of women and what would be "best" for them20.
Furthermore, epidemiology has demonstrated, in the reality of Fortaleza, violence does not occur in a homogeneous manner, but rather mainly in spaces and regions where other socially determined diseases are present23. In this sense, working from the perspective of guaranteeing social rights poses a challenge for healthcare staff and networks in promoting the service. The findings of this research allow us to devise strategies for jointly developing solutions, especially considering peripheral contexts and the leading role of women in this process. For this objective, action-research proves to be an important strategy for fostering emancipatory processes9. This is especially true considering the challenges of addressing structural violence and the gender dynamics that permeate the daily lives of peripheral communities. Violence, as a product of systemic inequalities, directly affects women\'s physical and psychological well-being, and can restrict their access to spaces of social participation and power24. Therefore, it is important that research efforts be aligned with social emancipation, actively fostering the analysis of problems and the development of collective solutions that challenge oppressive structures20. This research, which resulted in the social mobilization of the Barra do Ceará Women\'s Collective, demonstrates the relevance of actions aimed at empowering women as a means of transforming their realities.
FINAL CONSIDERATIONS
Throughout this journey, the research proposed a methodological framework for building shared knowledge, articulating dialogical contributions with the population. For this, the proposal was anchored in action-research utilizing social cartography techniques, using cartography as a strategy for approximating to and bonding with the research group, forging more effective participation strategies for women, who reflect on the issues and dialogically construct ways to address them.
Experiencing the possibilities of building public health surveillance through the sharing of singularities was made possible by the group\'s impacts, based on the partnership established among academia, health services and the community, resulting in awareness of life and health processes in the area. The journey began not with the intention of providing recipes, but with theoretical and methodological inspiration for more participatory and effective action in defending the health and lives of populations inhabiting vulnerable spaces.
It was found that structural violence affects the right to health of the area\'s population, as well as worsening inequalities and, consequently, social exclusion. Therefore, we believe that addressing this problem requires significant investment by the State and SUS administrators. Therefore, coordinated actions must be implemented at both the macro and micro levels of public health and security policies, producing actions guided by the needs of the population.
Experience has shown that humanizing care involves the radical democratic approach of sharing, as individuals cannot be effectively cared for without covering the whole populations. This link among people is viewed as an important factor in healthcare, contributing to understanding the population\'s real problems and facilitating the relationship between users and health staff.
The research showed that grassroots surveillance can contribute to the social production of health. Returning to the area means giving visibility and a voice to the periphery, given its potential for innovation in transforming realities. It also means incorporating new paradigms into the techno-assistance power structures. It also means learning to act with those who are different and bringing together groups and communities to care for people. Therefore, conducting action-research in vulnerable areas requires a praxis that ensures a dialogic process founded on problematization, strengthening relationships with those involved, contributing to effective realization of the right to health, and fostering community and social participation in the implementation of new health practices.
Finally, this work can contribute to the development of participatory methodologies for health surveillance and/or care. The need to consider systemic, integrated actions between health services and the population has been demonstrated. The involvement of those engaged strengthens grassroots organization as a factor in health protection, highlighting the area as a space for analysis and intervention. The participatory approach is highlighted as a strategy for improving the population\'s standard of living from a critical, emancipatory perspective, providing the basis for public health surveillance in defense of life.
REFERENCES
1. Meneses MN, Quadros JD, Marques GP, Nora CRD, Carneiro FF, Rocha CMF. Práticas de vigilância popular em saúde no Brasil: revisão de escopo. Cien Saude Colet 2023; 28(9):2553–64.
2. Silva LRC, Diógenes SS, Menezes MN, Arjona FB, Arruda CAM, Teixeira ACA, Pessoa VM, Carneiro FF. Vigilância popular da saúde, ambiente e trabalho (VPSAT): uma revisão integrativa da literatura. Cien Saude Colet 2023; 28(9):2565–2582.
3. Carneiro FF, Pessoa VM. Iniciativas de organização comunitária e Covid-19: esboços para uma vigilância popular da saúde e do ambiente. Trab Educ Saude 2020; 18(3):e00261117.
4. Trindade AAM, Pena PGL, Lima MAG, Freitas MCS, Araújo KL. Vigilância popular da saúde nas comunidades pesqueiras tradicionais e ecologia dos saberes no enfrentamento à COVID-19. Cien Saude Coletiva 2021; 26(12):6017–26.
5. Organização Mundial da Saúde (OMS). Declara emergência de saúde pública de importância internacional por surto de novo coronavírus. Genebra: OMS; 2020.
6. Antunes R. Coronavírus: o trabalho sob fogo cruzado. São Paulo: Boitempo, 2020.
7. Machado JMH, Pivetta F, Silva JDF, Bonetti OP. Vigilância popular em saúde em tempos de pandemia: proposta de um caminho. In: Santos AO, organizador. Covid-19 no Brasil: cenários epidemiológicos e vigilância em saúde [Internet]. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2021. p. 397–411. Disponível em: https://books.scielo.org/id/mvnpj.
8. Santos BSS. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 3. ed. São Paulo: Cortez; 2010.
9. Thiollent M. Metodologia da pesquisa-ação. 18.ed. São Paulo: Cortez, 2011.
10. Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR). Fortaleza 2040. Fortaleza; 2017 [citado 2021 jun 7]. Disponível em: https://fortaleza2040.fortaleza.ce.gov.br
11. Gorayeb A, Andrade AJ, Silva EV. Cartografia social e cidadania. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2015.
12. Bardin L. Análise de conteúdo. 5ª ed. Lisboa: Edições 70, 2011.
13. Paro CA, Ventura M, Silva NEK. Paulo Freire e o inédito viável: esperança, utopia e transformação na saúde. Trab Educ Saude 2020; 18(1):e0022757.
14. Pessoa VM. Abordagem do território na construção da integralidade em saúde ambiental e do trabalhador na atenção primária à saúde em Quixeré-Ceará. Fortaleza. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal do Ceará; 2010
15. Arjona FBS. Vigilância popular em saúde : uma prática espacial para emancipação humana. Rio de Janeiro. Tese (Douutorado em Geografia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 2021.
16. Barbosa VNM, Sousa RS, Monte LRS, Moura Jr, JF. A construção do fórum de saúde e comunidade no contexto da estratégia em saúde da família como catalisadora de participação social. Sarriera, J. C., et. al. [Orgs.]. Bem-estar e saúde comunitária: teoria, metodologia e práticas transformadoras. Curitiba: Appris, 2020, p.147-164.
17. Alves PA. Vigilância popular da saúde: cartografia dos riscos e vulnerabilidades socioambientais no contexto de implantação da mineração de urânio e fosfato no Ceará. Fortaleza. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Universidade Federal do Ceará; 2013.
18. Costa AM. Participação social na conquista das políticas de saúde para mulheres no Brasil. Cien Saude Colet 2009; 14(4):1073-1083.
19. Góis CWL. Saúde comunitária: pensar e fazer. São Paulo: Aderaldo & Rothschild Editores, 2008.
20. Rios AG, Seixas CT, Cruz KT, Slomp Júnior H, Merhy EE, Santiago SM. A produção do comum como estratégia de cuidado para usuários complexos: uma cartografia com mulheres em situação de rua. Cien Saude Colet 2021; 26(08):3077-3086.
21. Soliz F, Maldonado A. Guía de metodologías comunitarias participativas. Quito: Clínica Ambiental, 2012.
22. Freire P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43 Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
23. Benício LFS. Homicídios de jovens na cidade de Fortaleza: práticas institucionais no cotidiano da estratégia saúde da família. Fortaleza. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade Federal do Ceará; 2018.
24. Bandeira L, Almeida TMC. Desafios das políticas e ações em saúde diante da violência contra as mulheres. Ser Social 2008; 10(22):183-212.
Como
Citar
Barbosa, AR, Carneiro, FF, Freire, TML, Nascimento, CNS, Rodrigues, LS, Almeida, RLF, Kendall, C, Barbosa, VNM, Fiuza, TM, Teixeira, ACA, Silva, AZ, Kerr, LRFS. CONSTRUINDO A VIGILÂNCIA POPULAR: EXPERIÊNCIA DE MULHERES EM UMA COMUNIDADE SOCIOAMBIENTALMENTE VULNERÁVEL. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/set). [Citado em 05/12/2025].
Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/construindo-a-vigilancia-popular-experiencia-de-mulheres-em-uma-comunidade-socioambientalmente-vulneravel/19814