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0332/2025 - Ambientes Alimentares predizem a adesão ao Guia Alimentar para População Brasileira? Uma análise do estudo Brazuca Natal
Do Food Environments Predict Adherence to the Dietary Guidelines for the Brazilian Population? An analysis of the Brazuca Natal study

Autor:

• Layanne Cristini Martin Sousa - Sousa, LCM - <layannecristini@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4048-4604

Coautor(es):

• Severina Carla Vieira Cunha Lima - Lima, SCVC - <severina.lima@ufrn.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8268-1986

• Mariana Silva Bezerra - Bezerra, MS - <marianabezerrarn@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5095-5804

• Rosa Sá de Oliveira Neta - Oliveira Neta, RS - <rosa.sa.oliveira@ufrn.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5383-6472

• Angelo Giuseppe Roncalli da Costa Oliveira - Oliveira, AGRC - <angelo.oliveira@ufrn.br>
ORCID: http://orcid.org/0000-0001-5311-697X

• Dirce Maria Lobo Marchioni - Marchioni, DML - <marchioni@usp.br>
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-6810-5779

• Clélia de Oliveira Lyra - Lyra,C de.O. - <clelia.lyra@ufrn.br>
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-1474-3812



Resumo:

O estudo teve por objetivo identificar a relação entre os ambientes alimentares e a adesão ao Guia Alimentar para População Brasileira dos residentes de uma capital do Nordeste brasileiro. Trata-se de estudo transversal realizado com dados do ambiente alimentar (desertos e pântanos alimentares) de Natal/RN e dados individuais de adultos e idosos do estudo BRAZUCA Natal (sexo, idade, renda mensal do responsável e escore de adesão ao Guia Alimentar, que se refere às práticas alimentares alinhadas e opostas às recomendações nacionais para uma alimentação adequada e saudável). Para analisar a associação entre as variáveis realizou-se regressão linear múltipla por backward stepwise. O estudo mostrou que morar em um deserto alimentar reduz em 2,41 (p=0,014) o escore de adesão ao Guia Alimentar, independente da renda, idade e sexo; e reduz em 1,39 (p=0,006) o escore de adesão segundo as práticas opostas ao Guia Alimentar. Os pântanos alimentares não evidenciaram associação com a adesão ao Guia Alimentar (p=0,886). Nesta perspectiva, apenas os desertos alimentares apresentaram relação com a adesão ao Guia Alimentar de adultos e idosos residentes em Natal/RN. A compreensão desse cenário contribui para direcionar as ações de promoção da alimentação adequada e saudável para essa população.

Palavras-chave:

Acesso a Alimentos Saudáveis; Guias Alimentares. Ambiente Construído.

Abstract:

The objective of this study was to ascertain the relationship between food environments and adherence to the Brazilian Food Guide among residents of a capital city in the northeastern region of Brazil. This is a cross-sectional study that employs data on the food environment (food deserts and swamps) in Natal/RN and individual data on adults and older people from the BRAZUCA Natal study. The data set includes information on gender, age, the monthly income of the person responsible, and an adherence score to the Food Guide, which refers to eating practices in line with and opposed to national recommendations for adequate and healthy eating. The association between the variables was analyzed using multiple linear regression by backward stepwise. The findings indicate that residing in a food desert is associated with a 2.41-point reduction in the adherence score to the Food Guide (p=0.014), irrespective of income, age, and gender. Additionally, living in a food desert is linked to a 1.39-point decrease in the adherence score for practices that are contrary to the Food Guide (p=0.006). Food swamps were not associated with adherence to the Food Guide (p=0.886). Consequently, only food deserts were found to be associated with adherence to the Food Guide among adults and the elderly in Natal/RN. This understanding provides a basis for the development of strategies to promote adequate and healthy eating among this population.

Keywords:

Access to Healthy Food; Food Guides. Built Environment.

Conteúdo:

Introdução
O ambiente alimentar é um constructo paradigmático contemporâneo utilizado para relacionar de forma ampla a ação de fatores físicos, econômicos, políticos e sócio-culturais no comer humano. Tem sua construção na territorialidade e em várias dimensões relacionadas às escolhas, aos hábitos e às práticas alimentares nas cadeias de oferta e demanda de produção, comercialização, consumo e ingestão de alimentos1.
Podem ser utilizadas diferentes terminologias para classificar os ambientes alimentares, sendo “deserto alimentar” a mais comum2. Os desertos alimentares têm sido cada vez mais reconhecidos como importantes contribuintes ambientais para a saúde individual e como alvos potenciais de intervenções a nível comunitário para melhorar os desfechos de saúde3,4.
Não há consenso sobre sua definição na literatura. O Departamento de Agricultura dos EUA atualmente define os desertos como áreas com limitado acesso aos alimentos saudáveis e com baixa renda local, considerando regiões com pelo menos 500 pessoas, ou 33% de um determinado setor censitário, residindo a um raio de mais de 1,6 km de um supermercado ou mercearia (para setores censitários rurais, a distância é de mais de 16 km)5. No Brasil, a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN) diz que os desertos alimentares estão relacionados aos aspectos físicos do ambiente alimentar, em especial no que diz respeito à baixa disponibilidade de estabelecimentos que comercializam alimentos saudáveis6. Conceito que, resumindo, discorre sobre locais onde o acesso a alimentos in natura ou minimamente processados é escasso ou impossível, obrigando as pessoas a se locomoverem para outras regiões para obter esses itens essenciais a uma alimentação saudável7.
Com os avanços na observação sobre as configurações dos ambientes e territórios alimentares, surgiram outros termos para apoiar a compreensão do cenário alimentar no território, dentre eles o “pântano alimentar” 2. Os pântanos alimentares consistem em regiões de baixo nível socioeconômico que apresentam maior disponibilidade de estabelecimentos de alimentos ultraprocessados em relação aos estabelecimentos de alimentos in natura ou minimamente processados, indicando regiões de alta exposição da população residente a alimentos não saudáveis8.
O tema dos ambientes alimentares tem impulsionado cada vez mais estudos com foco em mapeamento de oferta de alimentos em bairros, comunidades, municípios1,8,9,10, buscando-se entender em que medida a caracterização destes ambientes, em relação ao tipo de alimento ofertado – saudável ou não saudável – estaria sendo determinante nas escolhas alimentares e no perfil nutricional da população6.
O Guia Alimentar para População Brasileira (GAPB), diretriz nacional que traz recomendações norteadoras para práticas alimentares saudáveis, discorre sobre a natureza multifatorial para adoção de uma alimentação adequada e saudável, destacando o ambiente alimentar como um fator determinante que pode influenciar de forma positiva ou negativa o padrão de alimentação da população11.
Recentemente foi desenvolvido um instrumento avaliativo com o intuito de identificar a adesão da população às recomendações do GAPB12. Essa ferramenta que consiste em uma escala de pontuação sobre aspectos alinhados e opostos ao GAPB, tornou-se fundamental para identificar se as práticas alimentares adotadas pela população estão de acordo com as diretrizes nacionais, de forma a auxiliar nas estratégias para promoção de uma alimentação adequada e saudável no país.
Compreender como se dá a adesão da população às práticas alimentares recomendadas pelo GAPB e em que medida os fatores externos, como os ambientes alimentares, se relacionam com a adesão destes indivíduos torna-se fundamental, principalmente quando existem lacunas dessas evidências nos cenários locais. Nesta perspectiva, este estudo tem por objetivo identificar se os ambientes alimentares (desertos e pântanos alimentares) estão relacionados com a adesão ao GAPB da população de uma capital do Nordeste brasileiro.

Métodos
Trata-se de um estudo transversal realizado a partir de dados dos ambientes alimentares (desertos e pântanos alimentares) do município de Natal/RN e dados individuais (novo escore de adesão ao GAPB, sexo, faixa etária e renda mensal do responsável) de participantes do estudo de base populacional “Insegurança alimentar, condições de saúde e de nutrição em população adulta e idosa de uma capital do Nordeste do Brasil: Estudo BRAZUCA Natal”. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL/UFRN, CAAE nº 96294718.4.2001.5292, parecer nº 3.531.721

População do Estudo
A população do estudo foi composta por adultos e idosos de ambos os sexos, residentes no município de Natal/RN. Foi planejada uma amostra probabilística por conglomerados em dois estágios (setores censitários e domicílios), com tamanho amostral estimado de 1.032 pessoas. No entanto, devido à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), as coletas precisaram ser suspensas antes de atingir o número total de participantes, tendo como amostra final 411 indivíduos13.
Na ocasião, estudos estatísticos foram realizados para demonstrar a representatividade populacional dos dados coletados, que representam 39,8% do tamanho amostral planejado inicialmente. As análises mostraram que as perdas foram aleatórias (p = 0,135, teste MCAR de Little), indicando que a amostra coletada não compromete a representatividade populacional do estudo13. Diante disso, foi calculado o poder da amostra de 80%, que teve um tamanho amostral mínimo de 384 participantes, considerando os seguintes parâmetros: frequência de 47,1%, erro absoluto de 4% e efeito de desenho para amostras aleatórias de 1,5. Foi utilizado o software online OpenEpi3.01 para o cálculo amostral.
As coletas de dados do Estudo Brazuca Natal ocorreram entre junho de 2019 e março de 2020 no domicílio dos participantes. Foram coletados dados referentes às condições sociodemográficas, de saúde e de nutrição e medidas antropométricas dos participantes que concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido13.
Para esse estudo foram consideradas as variáveis sociodemográficas sexo (feminino e masculino), idade (adultos e idosos) e renda mensal do responsável (? 1 salário-mínimo e > 1 salário-mínimo) e os dados referentes à escala de adesão às práticas alimentares saudáveis, proposta por Gabe e Jaime12, a partir do GAPB. Os dados foram coletados no momento da visita ao domicílio por meio de questionário eletrônico reproduzido no aplicativo Epicollect5 (https://five.epicollect.net/)13.

Ambientes Alimentares
Os dados dos ambientes alimentares foram obtidos a partir de dados de georreferenciamento dos estabelecimentos de comércio de alimentos. Foi construído um banco de dados considerando as informações fornecidas pela Vigilância Sanitária de Natal (COVISA), órgão ligado à Secretária Municipal de Saúde, contendo os estabelecimentos de vendas de alimentos do município até julho de 2021; também foram incluídos os dados do mapeamento de feiras livres, hortas comunitárias e marcados locais, elaborado pelo Laboratório Horta Comunitária Nutrir (Labnutrir) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com dados de 2017 a maio de 2022; e a utilização do aplicativo de geocodificação do Google (Google Maps) para busca dos estabelecimentos de comércio de alimentos por bairro em Natal no período de julho de 2021 a maio de 2022. Os estabelecimentos em duplicata foram excluídos.
As buscas no Google Maps recrutaram informações como nome do estabelecimento, ramo de atividade, endereço, CEP e coordenadas geográficas (latitude e longitude). As informações de coordenadas geográficas da COVISA e do Labnutrir também foram obtidas no Google Maps.
Os estabelecimentos de comércio de alimentos foram agrupados em categorias de acordo com a classificação da Câmara de Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional – CAISAN para o estado do Rio Grande do Norte6. As categorias foram classificadas em: saudáveis, quando vendiam predominantemente (mais de 50%) alimentos in natura ou minimamente processados; não-saudáveis, com predominância (mais de 50%) de venda de alimentos ultraprocessados; e mistos, para aqueles que priorizavam o comércio de alimentos processados ou preparações culinárias, ou que não se enquadravam nas outras duas categorias.
A categoria de saudáveis compreende os estabelecimentos como supermercados, feiras livres, peixarias, açougues, hortifrutigranjeiros e serviços ambulantes de alimentação. Enquanto os não saudáveis são lanchonetes, pizzarias, hamburgueria, hot dog, confeitarias, sorveterias, casas de bolo e cafeterias, lojas de conveniência ou varejista de doces, bares e similares. Os mistos correspondem a restaurantes, marmitarias ou alimentos preparados para consumo no domicílio, pequenos mercados ou mercearias, varejista de produtos alimentícios, padarias e produtos de panificação e hipermercados6.

Classificação dos Desertos e Pântanos Alimentares
Para o cálculo de desertos alimentares foi utilizado uma adaptação da metodologia proposta pela CAISAN, que consiste na densidade de estabelecimentos que comercializam alimentos saudáveis - estabelecimentos de aquisição de alimentos in natura e dos estabelecimentos mistos dividido por 10 mil habitantes. Os setores censitários com percentil menor ou igual a 25 são considerados com baixa disponibilidade de estabelecimentos saudáveis6. Para o nosso cálculo foi incluído o condicionante da renda média do chefe do domicílio. Nesta perspectiva os setores censitários que apresentaram percentil menor ou igual a 25 com relação à distribuição da densidade de estabelecimentos de alimentos saudáveis e renda média do chefe do domicílio abaixo da mediana da distribuição de renda no município foram classificados como desertos alimentares.
Os pântanos alimentares foram identificados a partir de uma adaptação do cálculo proposto por Grilo, Medeiros e Duran8, considerando a classificação dos estabelecimentos de comércio de alimentos de acordo com a CAISAN6. Dessa forma, a identificação dos setores censitários como pântanos alimentares foi realizada por meio da razão do número absoluto de estabelecimentos ultraprocessados pelo número absoluto de estabelecimentos mistos e in natura, sendo o valor da razão maior que a mediana, e considerando a renda média do chefe do domicílio abaixo da mediana da distribuição de renda no município.
Os dados relacionados à renda dos setores censitários do município para o cálculo dos desertos e pântanos alimentares tiveram como base os dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística14, devido a coleta de dados do estudo Brazuca Natal ter sido realizada conforme esta base.
O condicionante de renda foi acrescentado ao cálculo como forma de discriminar melhor os territórios mais vulneráveis ao acesso à alimentação adequada e saudável. Essa adaptação no cálculo permite maior precisão aos resultados, visto que abrange não apenas a disponibilidade física dos estabelecimentos de aquisição de alimentos, mas também o acesso econômico dos setores censitários.

Análise de Dados
Foram realizadas análises descritivas a partir de frequências relativas e absolutas da distribuição dos estabelecimentos de aquisição de alimentos, agrupadas segundo as categorias da CAISAN, por setor censitário do município de Natal/RN. Além disso, foram calculadas as taxas de estabelecimentos de comércio de alimentos por 10.000 habitantes para cada uma das classificações, sendo descritas como medidas de tendência central e de variabilidade.
Para a identificação dos ambientes alimentares foi realizado os cálculos adaptados para classificação dos desertos a partir da metodologia proposta pela CAISAN6 e dos pântanos alimentares a partir do cálculo proposto por Grilo, Medeiros e Duran8.
Para explorar a escala de adesão ao GAPB dessa população do estudo foi realizada uma análise fatorial por componentes principais (ACP) com a utilização de matriz policórica. Foram seguidas todas as recomendações e limites estatísticos aplicados à ACP. Foi realizada uma regressão para obter os escores de cada fator para cada um dos indivíduos. A partir da soma ponderada de cada fator, foi obtido o escore por bloco os quais, somados, compuseram o escore final. Um novo ponto de corte da escala de adesão foi gerado por meio de uma Curva ROC e em seguida foi realizado teste Kappa para comparar a concordância entres os escores (original e ponderado).
Sendo assim, para a análise da adesão ao GAPB foi considerada a variável novo escore final de adesão ao GAPB ponderado pelo nível de adesão da população do estudo e seu novo ponto de corte, que gerou uma nova pontuação para classificação da adesão.
Para a espacialização dos dados de adesão ao GAPB foi utilizado o software QGIS versão 3.26. Foi construído um mapa de calor referente à adesão ao GAPB a partir da latitude e longitude das residências dos participantes do estudo Brazuca e seus escores ponderados de adesão ao GAPB, considerando os setores censitários e regiões administrativas de Natal/RN.
Em seguida foi realizada uma análise bivariada a partir do qui-quadrado de Pearson para identificar a relação da adesão ao GAPB com as variáveis preditoras sexo, faixa etária, renda mensal do responsável, desertos e pântanos alimentares. Para essa análise foi realizada a amostragem complexa considerando o peso amostral e o setor censitário. O nível de significância adotado foi p < 0,05.
Objetivando observar a relação dos ambientes alimentares com o novo escore da escala de adesão ao GAPB foi realizada uma regressão linear múltipla para cada uma das categorias do ambiente alimentar (desertos e pântanos alimentares). O modelo de regressão utilizado foi o backward stepwise, em que todas as variáveis são colocadas juntas inicialmente e sendo retiradas à medida que perdem significância. A variável com o novo escore final de adesão ao GAPB foi utilizada em sua forma quantitativa. Foram incluídas também em cada uma das análises da regressão as variáveis individuais da população do estudo Brazuca Natal: sexo, faixa etária e renda mensal do responsável. As análises foram realizadas no software IBM® SPSS® Statistics versão 20.

Resultados
Na tabela 1 estão apresentados os resultados descritivos dos estabelecimentos de aquisição de alimentos, segundo classificação da CAISAN6 para o Rio Grande do Norte. Foram encontrados 5742 estabelecimentos de aquisição de alimentos em Natal/RN. Destes, 8,17% (n=469) eram do tipo saudáveis, 40,39% (n=2319) do tipo mistos e 51,45% (n=2954) do tipo não saudáveis. Com relação às taxas dos estabelecimentos por 10 mil habitantes, observou-se uma média de 5,29 (DP=4,55) para estabelecimentos do tipo saudáveis, 33,09 (DP=19,44) para o tipo mistos e 41,21 (DP=21,15) para o tipo não saudáveis.
Os resultados para a escala de adesão ao GAPB consideraram um novo ponto de corte de acordo com o indicador ponderado, que classificou como alta adesão o escore acima de 24. A freqüência de alta adesão ao GAPB segundo o novo indicador ponderado foi de 47,1% e de baixa e média adesão 52,9%. A figura 1 mostra o mapa de calor da adesão ao GAPB do município de Natal/RN, considerando as regiões administrativas da cidade (Norte, Sul, Leste e Oeste). É possível observar que a região Norte obteve o ponto de calor mais crítico com relação ao baixo escore de adesão ao GAPB.
Na análise bivariada, Tabela 2, foi observado que a adesão ao GAPB se associou à faixa etária (p=0,001), renda mensal do responsável (p=0,029) e desertos alimentares (p=0,000). A baixa e média adesão ao GAPB foi predominante nos adultos (60,4%), naqueles que tinham renda mensal desfavorável (67,6%) e nos que moravam em desertos alimentares (78,9%).
A regressão linear múltipla apresentada na Tabela 3 mostrou o efeito dos desertos alimentares sobre a adesão ao GAPB da população do estudo. O modelo final para o escore de adesão ao GAPB apontou que morar em um deserto alimentar reduz em 2,41 (p=0,014) o escore de adesão ao GAPB, independente da renda, faixa etária e sexo. O modelo final para o escore geral do bloco 1, que trata das características alinhadas ao GAPB, não mostrou resultados significativos do efeito dos desertos alimentares no escore de adesão desse bloco (p=0,128). E o modelo final para o escore geral do bloco 2, que trata das características opostas ao GAPB, demonstrou que residir em um deserto alimentar reduz em 1,39 (p=0,006) o escore de adesão a esse bloco. Vale destacar que quanto menor o escore nesse bloco, menor a adesão ao GAPB. Sendo assim, de uma forma geral os resultados mostraram que o deserto alimentar se associou negativamente à adesão ao GAPB da população estudada.
A partir dos resultados dessa regressão criou-se uma equação de predição para a variável de adesão ao GAPB considerando as variáveis preditoras (deserto alimentar, renda, faixa etária e sexo), segundo o modelo final para o escore de adesão ao GAPB (EAGA):

É possível prever o valor do escore de adesão ao GAPB substituindo os valores das variáveis preditoras por “0” ou “1”. Para este estudo considerou-se como referência (“1”) as variáveis preditoras: morar em um deserto, ter renda desfavorável (? 1 salário-mínimo), ser idoso e ser do sexo feminino, visto que apresentaram resultados significativos para a associação com o escore de adesão ao GAPB.
A regressão linear múltipla apresentada na Tabela 4, que observou o efeito do pântano alimentar sobre o escore de adesão ao GAPB, não indicou resultados significativos deste tipo de ambiente alimentar em nenhum dos modelos analisados (escore geral de adesão: p=0,886; escore geral bloco 1: p=0,774 e p=0,783; escore geral bloco 2: p=0,972). Dessa forma, morar em um pântano alimentar não foi associado à adesão ao GAPB da população do estudo. Neste modelo as variáveis que apresentaram efeito no escore de adesão ao GAPB foram sexo (p=0,038), faixa etária (p<0,001) e renda mensal do responsável (p<0,001).
Os valores de colinearidade, normalidade dos resíduos e Durbin-Watson estão dentro dos padrões aceitáveis.

Discussão
Observamos nesse estudo que os tipos de estabelecimentos de comércio de alimentos mais prevalentes em Natal/RN foram aqueles que vendiam predominantemente alimentos não saudáveis (ultraprocessados) e mistos. Enquanto os estabelecimentos que priorizavam o comércio de alimentos saudáveis (in natura/minimamente processados) apresentaram menor frequência. Também foi verificado que a região do município com menor escore de adesão ao GAPB foi a Norte. Ademais, constatamos que nos locais caracterizados como pântanos alimentares não houve associação com a adesão ao GAPB, enquanto que em desertos alimentares, a adesão reduziu.
Com relação à disponibilidade de estabelecimentos de comércio de alimentos na vizinhança, alguns estudos realizaram mapeamento no território e identificaram resultados semelhantes aos nossos, com predominância de estabelecimentos que comercializavam prioritariamente alimentos processados e ultraprocessados15 e aumento substancial desse tipo de comércio16. Essas constatações apontam para uma exposição massiva a alimentos não saudáveis quando comparadas aos saudáveis, o que pode repercutir em hábitos alimentares inadequados.
Sobre a adesão às práticas alimentares recomendadas pelo GAPB, observamos a ocorrência de baixa e média adesão em nosso estudo, com predominância de menor escore para a região Norte do município. Essa é a maior região administrativa da cidade, tanto em extensão territorial quanto em população, e é apontada como uma área de elevada vulnerabilidade social, onde ocorre uma forte concentração de problemas e riscos sociais e ambientais17.
Essa região do município enfrenta também iniqüidades territoriais na distribuição de estabelecimentos de aquisição de alimentos em razão de suas condições de infraestrutura, com forte ocorrência de desertos alimentares quando comparada as demais regiões, demonstrando baixa disponibilidade de estabelecimentos de alimentos saudáveis18. Dentre os diversos fatores associados às escolhas alimentares, sabe-se que a disponibilidade desigual de estabelecimentos de alimentação nas diferentes regiões das cidades influencia potencialmente o consumo alimentar dos indivíduos, principalmente em bairros socioeconomicamente vulneráveis19. Diante desta constatação, sugere-se que este fator pode estar relacionado ao baixo escore de adesão ao GAPB na população dessa região.
Nesta perspectiva, ao relacionarmos a variável da adesão ao GAPB com possíveis variáveis preditoras, identificamos uma relação com faixa etária, renda e deserto alimentar. A baixa e média adesão ao GAPB foi predominante em adultos, com renda mensal do responsável desfavorável (? 1 salário-mínimo) e que residiam em desertos alimentares.
Uma menor adesão ao GAPB pelos adultos também foi identificada em um estudo com uma subamostra da Coorte NutriNet-Brasil que investigou a adesão ao GAPB e a qualidade da dieta dos brasileiros20. Essas observações podem estar relacionadas às escolhas alimentares inadequadas desse grupo etário, como bem mostra um estudo nacional realizado com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 sobre a contribuição energética dos alimentos consumidos pela população brasileira que indicou uma participação calórica dos alimentos ultraprocessados maior nos adultos que nos idosos21.
Com relação à renda desfavorável, pode-se considerar que a baixa e média adesão às recomendações do GAPB se dá em virtude dos baixos recursos financeiros para custear uma alimentação adequada e saudável. Isto porque, quando o recurso financeiro é escasso, é necessário priorizar os alimentos de menor preço, e por vezes os alimentos saudáveis custam mais do que os não saudáveis, como mostra um estudo de abrangência nacional que identificou que alimentos frescos (como frutas e vegetais, leite e carne) tendem a custar mais do que alimentos ultraprocessados22.
Outro estudo brasileiro verificou que os preços dos alimentos mudaram desfavoravelmente em relação às recomendações do GAPB, implicando em diminuição na qualidade da alimentação da população23. A grande indústria alimentícia utiliza-se do avanço na produtividade e de um elevado investimento em pesquisa e desenvolvimento para produzir formulações alimentares cada vez mais baratas, além de um amplo suporte governamental de subsídios para as commodities, que participam e são essenciais na cadeia dos ultraprocessados24.
Outro achado observado em nosso estudo foi a associação dos desertos alimentares com a baixa e média adesão ao GAPB. Morar em ambientes com baixo acesso físico e financeiro a estabelecimentos de comércio de alimentos saudáveis diminuiu a adesão às recomendações do GAPB, principalmente nos aspectos da escala opostos ao GAPB.
Pode-se considerar que a população que reside em regiões com vulnerabilidade econômica e pouca ou nenhuma alternativa de disponibilidade de estabelecimentos de alimentos in natura ou minimamente processados em suas proximidades tem maior dificuldade para adquirir esse tipo de alimento. Com essa barreira, a população precisa muitas vezes se deslocar para regiões mais distantes ou recorrer a opções de estabelecimentos não saudáveis, quando disponíveis, refletindo em escolhas alimentares inadequadas e consequentemente em menor adesão ao GAPB.
As recomendações norte-americanas defendem a melhoria do acesso e do consumo de alimentos saudáveis, seguros e acessíveis e a redução do acesso e do consumo de alimentos ricos em calorias e pobres em nutrientes, como os ultraprecessados25,26. Nessa mesma perspectiva o GAPB orienta que a compra de alimentos em locais com maior oferta de alimentos frescos e menor oferta de alimentos ultraprocessados favorece a adoção de suas recomendações, que consistem em priorizar alimentos in natura e minimamente processados e evitar os ultraprocessados11.
Estudos brasileiros têm demonstrado que existe correlação positiva entre o consumo regular de frutas e vegetais (FV) e a densidade de mercados especializados nesses tipos de alimentos27, mas também que o consumo regular de FV é significativamente menor entre indivíduos de baixa renda que vivem em bairros com menos supermercados e mercados de produtos frescos28. Em paralelo, outros indícios apontam para uma maior disponibilidade de alimentos ultraprocessados em supermercados e mercados e em regiões de maior vulnerabilidade social, o que pode colocar essa população em risco nutricional29. Todas essas evidências reforçam os achados do nosso estudo sobre o efeito dos desertos alimentares na baixa adesão ao GAPB.
Além disso, também identificamos que morar em pântanos alimentares não foi associado à adesão ao GAPB da população do estudo. Isto pode ter a ver com os aspectos avaliados na escala de adesão, que seguem fielmente as recomendações do GAPB em que predominam as práticas alimentares saudáveis e sustentáveis, e não as quantidades de grupos alimentares específicos30. Dos dez passos para uma alimentação saudável recomendados pelo GAPB, apenas quatro estão diretamente relacionadas ao consumo alimentar, os demais incentivam práticas que buscam não apenas promover uma alimentação saudável e sustentável, mas também valorizar os aspectos socioculturais da alimentação11.
Assim sendo, a escala de adesão ao GAPB avalia dimensões que vão além das escolhas alimentares, como aspectos do planejamento, organização doméstica e modos de comer. A ferramenta evidencia principalmente os itens relacionados a alimentos saudáveis como o consumo de frutas, verduras, legumes, castanhas, leguminosas e farinha integral, a frequência de compras em feiras livres e de rua e a preferência por alimentos orgânicos e compra a produtores locais.
Tais práticas tendem a ser prejudicadas em desertos alimentares, onde a oferta de alimentos frescos é escassa, mas não necessariamente nos pântanos alimentares, onde predominam estabelecimentos de alimentos ultraprocessados. Nesse contexto, apenas a dimensão “escolha dos alimentos” da escala de adesão ao GAPB pode ser influenciada por pântanos alimentares no que diz respeito à hábitos não saudáveis, como o consumo de açúcar de adição e de alimentos ultraprocessados e a frequência a fast-foods e lanchonetes.
Vale destacar que as escolhas alimentares não são determinadas exclusivamente pela disponibilidade de alimentos ultraprocessados no território, podem refletir, em grande medida, uma complexa interação de fatores socioeconômicos, comportamentais, culturais e ambientais influenciados por aspectos históricos e pela situação geográfica da região, interferindo nos hábitos alimentares locais. Neste contexto, a cultura alimentar nordestina ainda mantém uma alimentação tradicional baseada em feijão, arroz, milho e fubá31, apesar do consumo de ultraprocessados ter aumentado devido ao desenvolvimento regional e à disseminação desses alimentos no país21,32.
Nesta direção, é possível sugerir que o cenário da superposição dos desertos e pântanos alimentares pode ser o mais prejudicial à adesão ao GAPB. Isso porque além de não promover acesso adequado e regular a estabelecimentos de comércio de alimentos saudáveis, ainda dispõe demasiadamente de comércios de alimentos não-saudáveis, deixando a população sujeita unicamente à predominância de alimentos ultraprocessados e sem opção de escolhas saudáveis.
Esta conjuntura representa um desafio significativo para a promoção da alimentação adequada e saudável no município, contribuindo para práticas alimentares inadequadas, principalmente da população de regiões mais vulneráveis. O avanço dessa pauta pressupõe o desenvolvimento e a consolidação de políticas públicas que incentivem e facilitem as escolhas saudáveis e que protejam indivíduos e populações de fatores e situações que levem a práticas não saudáveis33.
É fundamental que tanto o poder público em suas distintas esferas quanto a iniciativa privada atuem em conjunto de modo articulado, responsável e consistente nas políticas sociais que envolvem a agenda de alimentação e nutrição, como forma de promover maior acesso da população aos alimentos saudáveis. Para isso se faz necessário:
• Garantir a distribuição equitativa dos estabelecimentos de alimentos saudáveis nas distintas regiões da cidade, atraindo sua inserção nas regiões mais vulneráveis.
• Incentivar e aumentar a cadeia de produção e de distribuição de alimentos saudáveis e sustentáveis com custo mais baixo por meio de produtores locais e da agricultura familiar.
• Aumentar a quantidade de equipamentos de segurança alimentar e nutricional como as feiras livres e agroecológicas, hortas urbanas, bancos de alimentos, cozinhas comunitárias e restaurantes populares.
• Priorizar os investimentos em políticas públicas que reduzam as desigualdades sociais e dêem poder de compra a população mais vulnerável, como os programas de incentivo ao emprego e de transferência de renda.
• Implementar a nova política fiscal do país que beneficia alimentos saudáveis, por meio da isenção ou redução de impostos para produtos da cesta básica nacional; e que taxa alimentos não saudáveis como as bebidas açucaradas com o imposto seletivo.
• Desenvolver legislações mais rígidas com relação à rotulagem e publicidade de alimentos ultraprocessados.
Ademais, nosso estudo teve como limitação a ausência da validade da escala de adesão ao GAPB para a população idosa no período em que foi aplicada em nossa investigação, o que implicaria em resultados inconsistentes por se tratar de uma fase da vida com aspectos e hábitos alimentares diferentes dos adultos. No entanto, posteriormente o instrumento foi validado para esse grupo etário, mostrando que a escala é confiável para avaliar essa população34.
Outra limitação se refere à defasagem temporal entre os dados dos estabelecimentos de comércio de alimentos do município, obtidos na pandemia de Covid-19 (2021/2022), e os dados individuais de adesão ao GAPB, coletados antes da pandemia (2019/2020). Este fato pode ter nos mostrado um cenário não condizente com a realidade. Isto porque na pandemia muitos estabelecimentos físicos de comércio de alimentos fecharam e ocorreu crescimento do ambiente alimentar digital para aquisição de alimentos, por meio dos aplicativos de entrega em domicílio35. Essa modalidade facilitou a oferta de alimentos de fora do lar, contribuindo para o consumo de alimentos não saudáveis36,37,38. Dessa forma, pode ter aumentado a quantidade de pântanos alimentares no município neste período.
A pandemia também pode ter influenciado as práticas alimentares da população avaliada, em virtude do aumento do consumo de alimentos ultraprocessados durante esse período39. Logo, pode-se presumir que os resultados da adesão ao GAPB poderiam ser ainda mais preocupantes se averiguados na pandemia, refletindo numa menor adesão ao GAPB e interferindo possivelmente nos resultados encontrados com relação à sua associação com os pântanos e desertos alimentares.
Para se ter uma resposta mais robusta torna-se relevante adotar a mesma temporalidade para os dados, bem como aprofundar as investigações para além da adesão ao GAPB, verificando a relação dos ambientes alimentares com outras variáveis desse contexto como a compra e o consumo de alimentos e com os desfechos de saúde como as doenças crônicas não-transmissíveis.
Como potencialidades do estudo, temos a relevância da investigação em uma capital do Nordeste, dada a necessidade de compreensão desse cenário em nível regional, possibilitando a promoção de ações e estratégias mais direcionadas à realidade local. Além disso, não identificamos outros estudos de associação dos ambientes alimentares e da adesão ao GAPB, o que mostra a originalidade da nossa investigação, permitindo um conhecimento e aprofundamento dos vários aspectos que permeiam essa temática.

Considerações Finais
Este estudo identificou que os desertos alimentares se associaram à adesão ao GAPB da população do estudo. Mas, é preciso considerar também os demais fatores determinantes para a adoção das práticas alimentares saudáveis recomendadas pela diretriz nacional, visto se tratar de uma variável complexa de natureza multidimensional. Os aspectos sociodemográficos mostraram-se relevantes para a adesão ao GAPB nessa investigação.
A compreensão desse cenário torna possível o planejamento e desenvolvimento de estratégias públicas e privadas que contribuam de forma mais ampla e efetiva para a promoção da alimentação adequada e saudável, considerando os vários aspectos envolvidos no contexto das práticas alimentares.

Referências

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Sousa, LCM, Lima, SCVC, Bezerra, MS, Oliveira Neta, RS, Oliveira, AGRC, Marchioni, DML, Lyra,C de.O.. Ambientes Alimentares predizem a adesão ao Guia Alimentar para População Brasileira? Uma análise do estudo Brazuca Natal. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/set). [Citado em 05/12/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/ambientes-alimentares-predizem-a-adesao-ao-guia-alimentar-para-populacao-brasileira-uma-analise-do-estudo-brazuca-natal/19808

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